Nameless R1 na Revista de RPGCON

Eu simplesmente perdi o momento em que foi lançada a revista, só hoje encontrei (e já adquiri meu exemplar virtual).

Trata-se de uma revista lançada em sua primeira edição este ano, relacionada ao evento RPGCON, evento que aconteceu virtualmente e que foi muito bom, com muitas mesas e palestrar bacanas. A revista vem como “anais” de evento, trazendo bastante material e um relatório geral do evento.

O microcenário para XR-III Nameless R1 foi publicado dentro da revista. É uma nova versão (para XR-III) do cenário de investigação, alienígenas e sobrenatural. Agora ele vem como um dos 3 cenários oficiais do XR-III e já tenho pelo menos uma ideia para o R2, que ainda não consegui desenvolver.

A revista está com desconto no Dungeonist e tem muito mais conteúdo do que Nameless, valendo muito a pena dar uma olhada.

Início da Campanha XMC

Biotunados foi um cenário que nasceu para ser o multiverso oficial do XR-III. XR-III é um sistema de RPG indie que venho desenvolvendo e para o qual já tem alguns microcenários prontos, como o infantil Animalia, o medieval Sete Ilhas e o cyberagreste Neocan. Um multiverso é um mundo que permite mesclar todos os mundos já criados e mais outros que possam surgir.

Apresentado em sua primeira versão no Almanaque Power-Up, Biotunados gira em torno de carros construídos com motor alienígena, capazes de saltar entre planos de existência. O carro tem consciência e alguns poderes bacanas, podendo em alguns casos ser usado como personagem de jogador! Dá pra emular o Delorean de De Volta para o Futuro, o Herbie de Se Meu Fusca Falasse ou um carro de Supermáquina. É, Transformer ainda não dá, mas é uma ideia para o futuro.

Comecei uma campanha em chat com 4 jogadores para testar várias coisas:

  • A mecânica do XR-III Modo História, que criei para ajudar a escrever novelas de aventura, mas que, por não usar aleatoriedade, tem potencial para RPG por chat ou mail.
  • O cenário biotunados, na prática.

Há dois personagens prontos até o momento: um de Sete Ilhas e um de Nameless. Dois outros estão sendo construídos, os dois em Neocan. Pretendo publicar relatos das aventuras aqui periodicamente.

Nesta primeira semana, Valentin e Fausto começaram a agir, cada um em seu próprio mundo. Para este post, vamos focar Valentin

Uma Manhã de Trabalho Normal

Em um depósito dos Correios, no fundo de uma parte restrita há um corredor que leva a uma pequena sala três computadores e dois birôs. Na porta está etiquetado um logo com a sigla “XMN”. Os poucos que viram sabem se tratar de uma empresa terceirizada, que fez um convênio com os Correios e usa o espaço como parte do acordo.

Mas isso é mentira.

Na verdade é um escritório do DAC, na filial em Palmas. É ali que Valentin chega para mais um dia de trabalho.

Ele é um pouco distante e mal humorado quanto a relacionamentos, mas interessadíssimo em mistérios e conspirações. O que torna seu relacionamento com as pessoas algo aceitável, pois cada uma delas pode trazer dentro de si um tesouro. Pistas para sua mais nova descoberta. Seja ela qual for.

Sempre com aspecto de quem não dormiu o suficiente ele trás consigo uma xícara de café, enquanto busca em jornais, blogs e vlogs informações e pistas que lhe chamem atenção. Algo na mente de Valentim parece com um peixe fisgado em um anzol. Algo nesse agricultor atrai sua atenção.

Valentin viu uma entrevista de um agricultor humilde de Monte do Carmo, adoentado e debilitado, que brigou com a esposa porque estava apaixonado pela mulher de um fazendeiro que mora na mesma cidade. Uma mulher formada em Direito. Valentin se lembra que os Kravzeks infectam terráqueos, que começam a demonstrar interesse sexual por pessoas que eles percebam como maais inteligentes.

Sobre a matéria, falava que Emerson (o tal sujeito), foi com febre importunar a dona Denise e aconteceu uma confusão por lá, que terminou com um amigo de Emerson, que passava de bicicleta, levando o sujeito de volta pra casa dele. Monte do Carmo fica a cerca de 2 horas de Palmas.

Alfredo, motorista de confiança do DAC designado para acompanhar Valentin quando preciso, chegou no escritório quando o agente estava terminando de analisar a matéria.

Hippies, Tecnocratas e Sumidos

No mundo de Mochileiros Blackrook há de início dois grupos rivais: os Blackrook, que tem um jeito mais hippie, e os Whitejay, tecnocratas.

Primeiro, que neste cenário existe o conceito de “superciência”, aquele estudo tão avançado que permite realizações praticamente mágicas.

Lucas Viveira e eu fizemos o primeiro rascunho de um aditivo para o sistema de RPG XR-III, trazendo mecânica para superciência. O aditivo se chama Mistike Amplificata e será base tanto das mecânicas do cenário que ele está desenvolvendo para seu universo ficcional de contos e romances, como para essa história minha dos mochileiros. Então o primeiro rascunho já está criado.

No Livro ao Vivo, programa onde estou organizando e planejando uma novela de aventura, que será escrita também dentro desse stream, eu planejei o uso do Mistike Amplificata para os blackrook. Assim nasceu também um terceiro grupo, que na história entrará como um mito, podendo ou não ser usado de fato: os yellowraven.

Aproveitando o que já foi feito lá stream, seguem os domínios para XR-III para os 3 grupos. Cada grupo tem um domínio iniciático, que precisa ser totalmente dominado (os 7 níveis) para o personagem ter acesso a um dos 4 caminhos (cada grupo tem 4 caminhos, expressos como domínios especiais). Quem escolhe um dos 4 não pode mais mudar ou acumular conhecimento com qualquer outro domínio de qualquer um dos 3 grupos.

Domínios Iniciáticos

Como os domínios iniciáticos são bastante parecidos, eu os apresentarei aqui em uma tabela:

ConceitoBlackrooksWhiitejaysYellowravens
Todos começam com esteIniciaçãoIniciaçãoIniciação
Conhecimento sobre outro grupoWhitejaysBlackrooksBlackrooks
Conhecimento sobre outro grupoYellowravensYellowravensWhitejays
Primeiro caminhoArtesãosPontocomDançarinos
Segundo caminhoArtistas de RuaSmartsFilósofos
Terceiro caminhoBabásSpaceshipsMestres
Quarto caminhoErmitõesStartupsMonges

Caminhos Blackrook

Os níveis descritivos podem ser aprendidos na sequência (até o máximo de 7 níveis, como nos outros domínios) que o pesquisador quiser ou tiver acesso. O aprendizado é tradicionalmente feito na forma de mestre-aprendiz.

ArtesãosArtistas de RuaBabásErmitões
Alterar ProbabilidadeArtesanato MísticoMorteGenética
Encolhimento da MatériaComunicação ArtísticaRegeneraçãoReino Animal
ReplicaçãoMúsica EncantadoraVeneno ou CuraReino Vegetal
Códigos SecretosIdentificar CulturaAlterar ProbabilidadeLongevidade
IdiomasMapa GeográficoEncolhimento da MatériaReanimação e Animação
Manipulação de CódigosTransmutar CulturaTeleporteRegeneração
Criação de ProtótiposIdentificação de Leis LocaisDesenho VivoIdentificação da Matéria
Entendimento de AparelhosIdiomaDisfarces e ImitaçõesPoções
Modificação de ProjetoTelepatiaEscultura AnimadaVenenos
  • Artesãos – constroem a maioria dos artefatos fantásticos dos Blackrook. Não conseguem produzir nada em série, porém.
  • Artistas de Rua – perfil de hippies artistas, costumam viajar de tempos em tempos, mas preferem passar seu tempo em locais urbanos.
  • Babás – costumam ser designados para acompanhar grupos menos treinados, são versáteis e bons protetores.
  • Ermitões – esses realmente costumam se isolar do mundo em reservas florestais ou outros locais inacessíveis. Prezam pela harmonia com a Natureza.

Caminhos Whitejay

Os níveis descritivos podem ser aprendidos na sequência (até o máximo de 7 níveis, como nos outros domínios) que o pesquisador quiser ou tiver acesso. O aprendizado é tradicionalmente feito na forma de mestre-aprendiz.

PontocomSmartSpaceshipStartup
AutoprogramaçãoCompreensão PlenaDigitalizaçãoAlteração de Indústria
CriptografiasProjetos ExtremosEngenharia ReversaCriação de Protótipo
Rede NaturalProjetos sem ChãoRede NaturalModificação de Projeto
IdiomasBateria VivaCriação de ProtótipoAtrito
Manipulação de CódigosEletricidadeEntendimento de AparelhosInércia
TelepatiaPropulsoresModificação de ProjetoMagnetismo
Ler PensamentoAlteração de IndústriaEstudo PlanetárioEstudo Planetário
Organizar MenteEntendimento de AparelhosPosicionamento EspacialTeleporte
Transmitir MensagemModificação de ProjetoSobrevivência no VácuoTerraformar
  • Pontocom – especialistas em tecnologia computacional e virtualização.
  • Smart – construtores de aparelhos inteligentes, são os produtores dos Whitejay.
  • Spaceship – especialistas em vida fora da Terra e tecnologia associada a isso.
  • Startup – gerenciadores de inovações, costumam ser bons parceiros dos spaceships.

Caminhos Yellowraven

Os níveis descritivos podem ser aprendidos na sequência (até o máximo de 7 níveis, como nos outros domínios) que o pesquisador quiser ou tiver acesso. O aprendizado é tradicionalmente feito na forma de mestre-aprendiz.

DançarinosFilósofosMestresMonges
Alterar EspíritosArtesanato MísticoAlteração de IndústriaEngenharia Espiritual
EgrégorasComunicação ArtísticaCriação de ProtótiposIntercâmbio Astral
LocalizaçãoMúsica EncantadoraModificação de ProjetosViagem Astral
GravidadeIdentificar CulturaLer PensamentosCriação de Protótipos
InérciaMapa GeográficoOcultaçãoEntendimento de Aparelhos
TelecineseTransmutar CulturaTransmitir MensagemModificação de Projetos
Comunicação ArtísticaIdentificação de Leis LocaisCompreensão PlenaMorte
Disfarces e ImitaçõesIdiomaConstrução ImprovisadaReanimação e Animação
Escultura AnimadaTelepatiaProjetos ExtremosVeneno ou Cura
  • Dançarinos – lembrados por belas apresentações místicas artísticas, onde elementos de outro mundo se juntavam à dança.
  • Filósofos – eram condutores e harmonizadores dos povos.
  • Mestres – os mais perto das indústrias dentre seu grupo. Há pouquíssimos relatos sobre eles.
  • Monges – bons em comunicação e habilidosos no plano dos mortos. Dizem que se refugiaram por lá.

Continuação

Futuramente eu colocarei mais detalhes sobre os níveis descritivos apresentados. Cada caminho terá também suas próprias manobras. É possível que o domínio iniciático já permita usar manobras dos caminhos, mas com um custo maior. Terei que ver melhor isso no futuro.

E aí está! No próximo Livro ao Vivo provavelmente já partirei para a organização da história em si. Até lá!

O Tio dos Diálogos

Post publicado inicialmente no blog antigo, no início de 2019.


Estava revisando Escarlate III quando me deparei com uma inovação estilística de que nem me lembrava mais. Tem a ver com diálogos.

Existerm várias formas de expressar diálogos em um texto, isso é fato. Qual a melhor? Depende. Para texto teatral, por exemplo, é bom o formato com o nome do personagem antes da fala:

A sala está montada com uma iluminação parcial

Clarice: E aí? O que você tinha para me dizer?

Celso: Para quê a pressa? Podíamos aproveitar melhor o vinho antes de entrar nesse assunto.

Para quem não lembra ou não viu, foi a estratégia que adotei para Warning Zone.

Existe a forma das aspas, onde as falas ficam entre aspas. E existe a dos travessões:

A sala está montada com uma iluminação parcial

– E aí? O que você tinha para me dizer? – Clarice encara o recém-chegado Celso

– Para quê a pressa? Podíamos aproveitar melhor o vinho antes de entrar nesse assunto.

Como se vê, uma desvantagem deste método (assim como o das aspas) é que, por não ter na notação um espaço já certo para dizermos quem falou, precisamos complementar o texto com essa informação.

Não gosto de usar aspas porque prefiro utilizá-las para narrrar pensamentos.

Além desta desvantagem, existem outras. A principal que vejo é a continuidade da fala, com ou sem interrupção. Vamos voltar um pouco. Se você utiliza travessão ou aspas, precisa identificar quem falou.E aí? – Clarice pergunta.

— E aí o quê? — Celso responde, olhando de lado.

— O que você queria? — Clarice insiste.

— Ah, sim, sabe o Flavio? — Celso pergunta a encarando.

— Não, que Flavio? — pergunta Clarice, tentando puxar pela memória.

— Aquele da praça! — Celso tenta explicar melhor.

Como você pode facilmente notar, fica muito cansativo um texto assim. Por isso, é comum utilizar o mínimo possível de referência a quem falou. A gente tenta deixar claro quem falou primeiro e em segundo então subentende-se que as falas se alternam. Só se torna necessário descrever algum comportamento diferente complementar de algum dos interlocutores. Vê se não melhora:

— E aí? — Clarice pergunta.

— E aí o quê? — Celso responde, olhando de lado.

— O que você queria?

— Ah, sim, sabe o Flavio?

— Não, que Flavio?

— Aquele da praça!

Eu acho muito melhor. Mas isso leva ao problema de que eu falava. O que chamo de fala continuada acontece quando você narra uma fala e logo em seguida narra outra fala do mesmo personagem. Exemplos:

Flavio: Você não vai beber?

Clarice simplesmente não responde.

Flavio: Então eu vou tomar o restante do vinho.

Clarice não comenta nada.

Flavio: Tá, era Otávio e não Flávio. Você está certa!

Clarice: Está vendo? Eu não conheço nenhum Flávio da praça. Agora o Otávio já é diferente. Eu me lembro daquele dia que a gente saiu pra tomar sorvete e passamos na banca de revistas. Ele estava encostado naquela estátua de… Como é que chama mesmo? Daquele político antigo da cidade! Enfim, o Otávio é primo do Juarez, se você se lembra. É, acho que não. Mas ele estudou com a gente no segundo ano. Otávio tinha uma mania de ficar ouvindo conversas dos outros pra depois escrever histórias mudando só os nomes dos personagens, o que eu sempre achei muito inadequado. Expõe intimidades da gente! Mas ele chegou a publicar histórias assim. Quer dizer, não foi em livro, foi em um blog. E… Você não vai falar nada?

Então temos dois tipos de fala continuada. A primeira é a pausa na expectativa de uma fala do interlocutor, que não vem. A segunda é a de uma fala muito grande, que seria de muito mais confortável leitura se apresentada em mais de um parágrafo.

Na notação dos travessões, eu tenho resolvido o problema assim:

— Você não vai beber?

— …

— Então eu vou tomar o restante do vinho!

Acho que funciona bem para esses casos. Já para as falas naturalmente longas, uma solução pode ser o uso de aspas para a continuação da fala.

— Está vendo? Eu não conheço nenhum Flávio da praça. Agora o Otávio já é diferente.

“Eu me lembro daquele dia que a gente saiu pra tomar sorvete e passamos na banca de revistas. Ele estava encostado naquela estátua de… Como é que chama mesmo? Daquele político antigo da cidade!”

Isso por um lado resolve, mas por outro confunde se você já está utilizando aspas para pensamentos. Se você já vem utilizando aspas para os diálogos, dependendo de como você atribui fala aos personagens pode gerar confusão também. Aí que entra o tio! O tio seria um travessão alternativo (que só funciona para quem, como eu, utiliza o caractere de hífen e não o longo) que representa continuação da fala anterior! A fala vazia (reticências) continua sendo interessante para representar que havia uma expectativa de fala. Veja como fica o exemplo:

— Você não vai beber?

— …

— Então eu vou tomar o restante do vinho.

— …

— Tá, era Otávio e não Flávio. Você está certa!

— Está vendo? Eu não conheço nenhum Flávio da praça. Agora o Otávio já é diferente. Eu me lembro daquele dia que a gente saiu pra tomar sorvete e passamos na banca de revistas. Ele estava encostado naquela estátua de… Como é que chama mesmo? Daquele político antigo da cidade!

~ Enfim, o Otávio é primo do Juarez, se você se lembra. É, acho que não. Mas ele estudou com a gente no segundo ano.

~ Otávio tinha uma mania de ficar ouvindo conversas dos outros pra depois escrever histórias mudando só os nomes dos personagens, o que eu sempre achei muito inadequado. Expõe intimidades da gente! Mas ele chegou a publicar histórias assim. Quer dizer, não foi em livro, foi em um blog. E… Você não vai falar nada?

Pois é, esta solução eu bolei quando escrevia Escarlate III, há alguns anos. Hoje revendo, achei uma solução interessante e gostaria de registrar aqui. Vai que mais alguém também tem essas mesmas dificuldades e essa solução pode ser útil.

— Cárlisson Galdino

Vivaldi Timer

Uso o Vivaldi já há um bom tempo. Para quem não conhece, é um navegador web com várias funcionalidades interessantes. A que euconsidero melhor é sua maleabilidade. Dá pra mudar muita coisa na configuração e deixá-lo adaptado para você. Por exemplo: a barra de abas pode ser colocada como um painel lateral.

Dia desses, clicando no relógio (ele tem um relógio na barra de status, junto com várias outras funcionalidades interessantes) em busca de um calendário encontrei um timer. Dá pra usar técnicas como Pomodoro usando o próprio navegador!

Sobre o calendário, não tem no relógio, mas ele traz hoje funcionalidades de Calendário, Email e leitor de notícias. O calendário, em particular, funciona como cliente para serviços que você já use. Aqui ele sincroniza direito com o calendário Google e o Nextcloud.

Se você ainda não conhece, recomendo dar uma olhada nessa ferramenta poderosa e útil!

Vivaldi Timer

I don’t know if you saw it, but Vivaldi has a clock in the status bar. Some day, searching a simple calendar (Vivaldi has a full-feature calendar)… Surprise! Thereis no calendar, but a timer!
In other words, with Vivaldi (without any add-on) you can use techniques like Pomodoro!

Not only timer, Vivaldi allows to set time-based alarms. You can even configure duration and alarm sound. It’s one more reason to use this fantastic web browser!

Outubro de Cordéis e Contos

Em outubro os meus três lançamentos foram dois cordéis e um conto. Também lanço hoje a edição 34 do Cordel Encastelado, uma coletânea de 6 cordéis (cada um de um autor diferente) falando do nosso país.

Romance de Zé e Valentina

Seguindo aquele roteiro clichê de troca de corpos (ou de mentes), o Romance de Zé e Valentina apresenta duas pessoas que não se conhecem – Zoé e Valentim. Os dois certo dia acordam no corpo um do outro. Então começa a confusão: um quer descobrir o que aconteceu e voltar ao normal enquanto o outro só quer curtir. Romance de Zé e Valentina é um romance de cordel escrito em 188 setilhas piratas. A capa foi feita por Santhiago Albuquerque. Veja o começo:

Vivemos nas grandes cidades
Cidades bem cheias de gente
Mas onde existirem pessoas
Não se passa um dia somente
Em que a Natureza
Nos traga surpresa
Num mistério surpreendente

Tem sempre um disco voador
Que alguém enxergou no quintal
Uma casa mal assombrada
Um médium sobrenatural
Tem também alguém
Que fale também
De um causo assim bem irreal

Parecia um dia normal
Nossa história começa assim
Um rapaz morava sozinho
E se chamava Valentim
Mas é interessante
Pois leia confiante
A história do início ao fim

Valentim acordou um dia
Estava em um outro local
No espelho quase teve um troço
E se sentou passando mal
Mas deixe que eu conte
O dia de ontem
Um dia que foi mais normal

O Romance de Zé e Valentina está à venda em versão impressa (diretamente comigo) e como ebook na Amazon, dentro do programa Amazon Unlimited.

Os Monstros e a Defesa

Este é um outro cordel absurdo. Uma pequena cidade do interior recebe um ataque de monstros meio robôs, meio animais. Eles se organizam para tentar resistir ao ataque. Um cordel de humor non-sense em 32 setilhas.

A Lua estava bem grande
Era noite na cidade
As pessoas lá na praça
Esperando a tempestade
Não de chuva, mas de monstros
Um exército que invade

De chinelas e na cara
Máscaras do Homem-Aranha
Coletes bem reforçados
Para proteger a banha
Raquetes contra mosquito
Um povo que não se acanha

Para ajudar na defesa
Chamaram um mercenário
Que usa de capacete
Na cabeça um aquário
Com uma capa amarela
Que nem a do Super Mário

O mercenário berrou
Falando com sua voz fanha
– Quando esses monstros chegarem
“Malandros, cheios de manha
Vou bater com tanta força
Que vão parar na Alemanha!”

Os Monstros e a Defesa está à venda na Amazon como ebook.

De La Naturo

De La Naturo é um conto que brinca com o conceito de multiverso. Publicado inicialmente em 2004 (é, faz muito tempo!). Esta nova versão foi revisada e muita coisa foi mudada nele. A principal mudança que fiz foi vinculá-lo ao novo cenário Biotunados, para XR-III. Continua sendo uma história interessante e, espero, ainda melhor que em sua versão inicial.

Dezenove e trinta e já estou na ativa. Os deuses ajudam a quem cedo madruga. Não sei porque falo isso. Nem acredito mais em deuses! De qualquer maneira, alguma coisa me faz acreditar que é bom acordar cedo. Estranho, não é? Nem lembro mais o que eu pensava antigamente sobre isso. Os deuses ajudavam? Talvez, mas isso não devia me servir hoje. É bom à saúde? Pra quê se eu sou imortal?

A noite já caiu faz um tempo e cá estou, em um armazém abandonado esperando pelos outros — meus aliados — para mais uma arriscada missão. Ouço o barulho e o portão se abre. Sabe, ainda não me acostumei com um telecinético no grupo. Por mais que tente entender, não consigo aceitar o que ele faz. Eu sei que é verdade, pois eu vejo, oras! Mas isso rompe as fronteiras da realidade. E eles ainda insistem que essa parada não é magia!

De La Naturo está sendo publicado no Pulp Zine Castelo #8, disponibilizado gratuitamente na Biblioteca Cordéis.com.

Cordel Encastelado #34

Por fim, hoje temos uma nova edição do Cordel Encastelado. O título é Brasil de Norte a Sul, tratando-se de uma coletânea de cordéis com esta temática. Com participação de Alice Fernandes de Moraes, Francinilto Almeida, Girleide A. de Lima, Marcio Fabiano e Milene Lima, além da minha participação.

O velho mundo tem muitos povos, cada um com seu próprio território, sua língua, sua cultura, seus costumes e sua nação. Nós, por outro lado, somos um dos maiores países do mundo. Um dos chamados “países continentais”.

Muito nos une, mas mesmo o que nos une — como a nossa língua — tem uma sintonia ligeiramente diferente em cada lugar.

Esta edição do Cordel Encastelado faz uma homenagem ao país (enquanto povo e cultura, não enquanto representantes). Apertem os cintos, coloquem o assento na posição vertical e aproveitem a viagem!

Esta edição, assim como todas as anteriores, está disponível gratuitamente como ebook. Você pode ver mais sobre todas as edições, seus participantes, etc, no wiki do projeto.

Jasmim em Clube de Leitura

Quem ainda não leu minha primeira novela de aventura – Jasmim – tem uma boa oportunidade. Este mês, no Clube de Leitura organizado pela ACALA e UBE Arapiraca, Jasmim é um dos dois títulos propostos.

O livro pode ser adquirido na Amazon ou Dungeonist, em versão paga, com contos e outros anexos; mas também está disponível de forma gratuita!

Quem tiver interesse, basta preencher o formulário do clube, ler o livro e aparecer dia 24 na videoconferência de debate sobre as obras lidas. Até lá! 🙂

A Régua da Poesia

Publicada no site antigo em 2018.

Poesia não são só palavras colocadas num papel. Quer dizer, os dadaístas podem até defender essa concepção de poesia… Mas poesia envolve algumas técnicas e artimanhas. A mais conhecida, claro, é a rima. Classicamente tem também a métrica.

Acontece que a métrica não é presente em todos os tipos e poesia, nem funciona sempre do mesmo modo quando saímos da Academia para o mundo real. O que venho percebendo nesse ponto é que poesia geralmente tem uma régua, uma medida para a declamação. A medida clássica é a métrica, mas não é a única.

  • Métrica: a medida tradicional da poesia é feita contando-se as sílabas poéticas, que são sílabas nem sempre coincidentes com as sílabas gramaticais, terminando na sílaba tônica da última palavra do verso. Atrelado à métrica vem também o ritmo, que determina como os versos devem ser declamados.
  • Batida: música de modo geral tem sua preocupação de “encaixe” da letra. Os versos têm que encaixar no ritmo ou na melodia. Para isso, a métrica é um bom ponto de partida, mas há alguns malabarismos do intérprete que permitem fugir da métrica sem nenhum prejuízo, pelo contrário, enriquecendo ainda mais a música. Aquelas aceleradas para várias sílabas caberem em um tempo onde antes couberam poucas, ou aquela vocalizada que estica algumas sílabas por um período mais longo.
  • Teatral: quando a poesia é declamada de forma teatral, ela usa uma outra medida, que é a da dramatização. Pode ter versos meio cantados, versos gritados, versos soltos como pensamentos… A encenação tem que conseguir tirar o máximo de sentimento daquela poesia. E a poesia sem métrica (e muitas vezes também sem rima) pode ser assim por ter sido pensada em uma declamação desse tipo.

Então o resumo da Ópera é que hoje eu percebo a poesia como algo dependente de uma régua, mas que aceita várias réguas diferentes. Quer saber se uma certa poesia ficou legal? Ouça a declamação de quem a criou. Se ele conseguiu declamar bem, te convencer, está valendo! Pode ser uma música, um cordel sem métrica ou uma poesia pós-moderna com 41 versos de tamanhos variados presos em uma só estrofe. Funcionou? Tá valendo.

Ah, tem também a poesia concreta, mas esse já é um outro assunto…

Legitimidade Cultural

É um erro gigantesco e antigo, não apenas recorrente mas insistente, esse costume de intelectuais de se meterem a julgar o que é Cultura, o que é válido. A percepção do que é artístico e o que não é é altamente subjetiva. Às vezes chega a parecer cristalinamente clara, outras nos deixa em grande dúvida. O principal problema desse julgamento é que, sendo subjetivo, está à mercê de todos os nossos preconceitos e visão de mundo.

Não me entenda mal. Eu já fui assim de querer separar a arte em duas. É frequente essa tentativa de classificar tudo em cultural e industrial, ou “alta cultura” e “popular”, ou “na brinca” e “na vera”, ou “acadêmica” e “leigo”, ou seja lá como se queira separar. Às vezes é uma forma de nos separar dos demais, de nos distinguir. Talvez nem seja por vaidade, mas apenas para dar uma valorizada no quanto investimos em estudo da língua, de técnicas e métrica. Mas sabe a real? Nem eu nem você tem legitimidade para definir qual arte vale e qual não vale. E quer saber o quê mais? Hoje acredito que ninguém tenha!

O sujeito que se sente erudito e bate no peito para falar que defende a norma culta do Português se esquece que o próprio Português nasceu do Latim Vulgar. O sujeito que reclama da música, valorizando apenas gêneros cult como o Jazz, esquece que o Jazz teve origem popular, filho dos negros estadunidenses. E origem não muito diferente tiveram o Rock, o Samba e a Bossa Nova. E nenhum desses estilos foi bandeira dos ditos cultos de seus tempos.

Tem temas e tipos que também costumam sofrer muito preconceito. Um bom exemplo de tema é a Sexualidade. Tema polêmico e motivo para muitos rebaixarem obras da condução de artística, como se as duas características fossem “obviamente excludentes”. Quem protesta contra exposições de Nu esquece que desde que existem expressões visuais o nu é representado em obras reconhecidas. Sem contar que a arte tem sim um papel de impactar a sociedade.

Desde que certos tipos de obra puderam ser produzidos para as massas, veio a visão de que este tipo de produção não era “arte de verdade”, mas “industrial”. A Música como produto sofreu com isso, assim como o Cinema. Se a possibilidade de ser reproduzida automaticamente for realmente um critério para desmerecer um tipo de obra, podemos decretar o fim da Arte como um todo, pois descontadas as características preciosistas que beiram a imperceptibilidade, não sei que tipo de obra hoje está a salvo dessa característica.

Mas vamos voltar à questão de popular versus erudito. Acredito que o estudo aprofundado em uma arte se torna uma ferramenta com grande potencial de agregar ao artista, uma ferramenta a mais. Assim como o entendimento do mundo a seu redor, o consumo de outras obras, inclusive de outras artes. Tudo são ferramentas, que podem ajudar o artista a produzir sua próxima obra. Mas a falta de alguma dessas ferramentas não impede a expressão. Fosse assim não teríamos instrumentistas compositores virtuosos e autodidatas, de origem simples. Nem preciso citar exemplos, creio que você conheça algum. A falta do estudo formal pode dificultar, mas está longe de impedir a Arte. Do contrário, o domínio desse estudo não cria um artista por si. Se o mero conhecimento de técnicas bastasse, seria muito fácil termos programas de computador produzindo arte sozinhos. Não que não possamos ter programas assim no futuro, mas isso já é outra história…

Tudo isso que coloco é opinião e percepção. Você tem todo o direito de concordar ou discordar, integral ou parcialmente. Por fim, ainda tenho um tato para definir o que considero arte e o que não considero, mas tento ver os motivos que podem estar envolvidos nesse julgamento. E sei que esse julgamento é pessoal meu e que essas obras por aí vão continuar sendo ou não sendo arte independente do que eu pense. E que é meu direito gostar delas ou não, independente de serem arte, ou de eu pensar que são.

— Cárlisson Galdino

Este artigo foi publcado na edição de 2018 do Informativo ACALA

Contribuição Inesperada para o Cordel

Quem acompanha minimamente o cenário da Literatura de Cordel contemporânea bem sabe que em 2018 ela passou a ser reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Fato curioso é que o Cordel do Software Livre, de minha autoria, teve um pequeno papel de contribuição, sendo citado no parecer do conselheiro Ulpiano T. Bezerra de Meneses, favorável ao processo que solicitava tal reconhecimento.

Só vim ter ciência disso por acaso ano passado, o que me deixou muito feliz.

Quem tiver curiosidade, todo o parecer está disponível no site do IPHAN.

Meeting Organizer

We lieve times of pandemic and it is usual we be part of many online meetings.

To manage this type of meeting, I created a simple web application: Divergents. It basically brings together two features: speech timer and subscription manager.

The idea is that someone who is going to secretary the meeting will open the page in the browser and share the screen with other participants. Whoever signs up, whether by chat, hand-raising or whatever, the secretary adds the name in Divergents. All participants can see how much speech is left for the current speaker and who is next.

Hope it’s useful! It can be accessed in Cordéis Apps or you can download it from Github. Unfortunately, It’s available only in Brazilian Portuguese for now.

Lançamentos de Setembro

Em setembro, temos as seguintes novidades:

  • Jornalismo que Investiga – Cordel que apresenta o conceito e a importância do Jornalismo Investigativo. Disponível como ebook na Amazon.
  • Coroa dos Monstros – 14 sonetos cordelares apresentandos monstros diferentes, mas bastante conhecidos. À venda como ebook na Amazon e Dungeonist.
  • Canção dos Reinos R1 – primeira revisão do cenário amplo de fantasia medieval para XR-III. Onde se passam as aventuras da trilogia Escarlate. Gratuito.

Os apoiadores dos Cordéis do Bardo recebem este mês o ebook Coroa dos Monstros.

Lançamento da AALC (2018)

Eu estava fora da Academia Alagoana de Literatura de Cordel e voltei a fazer parte dela ano passado, assumindo dessa vez a cadeira 1. Outro dia eu explico melhor essa situação toda. Por enquanto, eu reproduzo aqui o post que eu havia publicado no meu blog anterior tratando do lançamento da academia, ainda em 2018.

Hoje foi um dia histórico para a Literatura Alagoana. Foi inaugurada a sede da Academia Alagoana de Literatura de Cordel, na Biblioteca Pública de Maceió. Foi dada posse aos membros efetivos para início das atividades.

Além de importante, foi um momento muito bacana, como sempre costuma ser, estar junto de outros colegas artistas. Especialmente o lendário Jorge Calheiros.

Na AALC passo a ocupar a cadeira número 16, do patrono Francisco das Chagas Batista.

Espero que tenhamos mais pra frente mais informações sobre todos os membros (e de repente dos patronos todos também). Por enquanto, veja o cordel “Matuto Zé Cará” do Jorge Calheiros: