Atelier no Twitch

Para quem não conhece, o Twitch é uma rede social de transmissão multimídia (tipo live do youtube), inicialmente direcionada ao público gamer.

Conversando com o amigo Lucas, vulgo Sr. Otimismo, veio a ideia de eu criar um canal por lá também.

O tipo de transmissão inicial vai ser o que chamo de Atelier, inspirado nos bookstreamers, mas focando produção em RPG, Cordel e áreas afins. Explicando melhor:

Durante a transmissão, intercalo ciclos de produção com conversas com quem estiver no chat.

Os ciclos de produção, vulgos sprints, são de 30 minutos. Neles eu pretendo desenvolver atividades de: diagramação de cordel, criação de capas de cordel, preparação de aventuras de RPG, escrita de material para RPG, escrita de relatos de aventuras de RPG, entre outros tipos de atividade.

Nos momentos de conversa a ideia é falar com quem está no chat, comentar algo que tenha acabado de fazer ou pretenda fazer e eventualmente declamar algum cordel também.

Qual a vantagem de acompanhar um canal desse tipo? Há alguns casos onde pode ser muito interessante:

  • Se você tem atividades a desempenhar e precisa de algum estímulo de alguém trabalhando também (sem conversa durante o trabalho, só nos intervalos).
  • Se você tem curiosidade de ver como é meu processo criativo e de trabalho.
  • Se você quer trocar ideia.

Enfim, no pique dos eSports, o canal se chama eCordel e já tenho dois videos lá. As transmissões de atelier são a partir das 16 horas de domingo. Futuramente é provável que haja transmissões de mesa de RPG sendo jogadas, em outro horário.

Falando em mesa de RPG, participei como jogador de uma mesa da Exile e vou mestrar uma mesa de um sistema meu experimental (um modo do XR-III). Terá duração curta (4 semanas) e será às quintas, às 20 horas, no Twitch da Exile (exilesmc). É provável que comece já dia 22. Você é bem-vindo para nos acompanhar!

The Initiative Problem

Those who play RPG over the Internet need to solve some issues. Are you going to use a virtual board or are you just going to use the “theater of mind”? If you’re going to use a board, which one? For dice rolling, phisic dices? Formulas in chat? Virtual rollingg? And finally, how to manage the initiative?

Most virtual boards already bring solution to a lot of things, but it does not always works so fine. It is very usual, for example, to disable roll20’s video conferencing and to use Skype, Meet or another solution instead.

When I met Owlbear Rodeo, a virtual board, I loved the proposal. It is a simple board, light and unrelated to any system. There were only two problems: the dice rolling is not saved in a log; does not have an initiative manager.

Here fits an additional parenthesis. I tested Astral Tabletop too and I had a terrible experience with their initiative manager. I really don’t know how they managed to get it so heavy! Let’s close this parenthesis.

Another parenthesis now for dummies: initiative management is the definition of the characters action sequence, especially useful in critical situations of the game, such as combat or the team facing a deadly trap already activated. We define the order of action, including Player Characters and Non-Player Characters, and from that point we use this order to coordinate who acts at what time. That’s managing the initiative.

Okay, now the interesting part of owlbear rodeo: it does not have an initiative manager, but the project videos bring a suggestion for this: set up a visual manager! You need a “ruler” with columns representing each moment of the round and a marker to point at the turn of who we are.

I really liked the idea and made one to use with my RPG system XR-III, which works with 10 initiative turns (rolls 1d10 and does not add anything). If you also want to play XR-III or the solution serves for your system too, here are the files! It is the ruler plus 3 selector options. One of them sits on top of the number and the other two (one white and one black) are set one cell above.

Rule of initiative

Put it into the map, set its size to 10 squares wide, and set it to fixed. In owlbear rodeo you click on the padlock icon.

P. S.: Original post is in Portuguese in another blog.

Bitcoins, Magos Loucos e Monstros do Espaço

Este título maluco junta as três publicações deste mês. (lamento decepcionar quem esperava uma história só. Até que seria bacana uma).

Na Amazon (Unlimited), tem o Cordel do Bitcoin! Um cordel que apresenta a história do Dinheiro em sua primeira mentade, apresentado a história e conceitos do Bitcoin na segunda metade. Explicativo, pode ser útil como cordel educativo.

Em 2020 iniciei uma campanha de RPG chamada Mega Fest, mestrando para minha filha e outras pessoas. É uma campanha estilo Sailor Moon, Power Rangers ou coisa parecida. São 5 jovens que ganham poderes de um alienígena para enfrentar monstros, que começam a aparecer na cidade. Terminei fazendo um cordel que narra o início de tudo, em um planeta distante. Estou publicando esse cordel este mês. Chama-se Festa Espacial e está disponível na Amazon, no Google Play Livros e no Dungeonist. Ao final do cordel, tem ainda um brinde: conceitos básicos para quem quiser mestrar Mega Fest usando XR-III Modo Quintetos.

Para finalizar, o conto Condenados de Madiva também conta “a origem de tudo” de personagens importantes de Jasmim, minha primeira novela de aventura em folhetim. A versão paga da novela trazia, entre o material extra, esse conto, que revisei, mudei um pouco, e estou publicando agora gratuitamente, também como ebook. Na Biblioteca Cordéis, no Wattpad e no Dungeonist.

Lembrando que quem apoia o Cordéis do Bardo recebe 1 cordel por mês! Há outras recompensas e metas de projeto, então se interessar dá uma olhada na página da campanha no Apoia-se!

Organizador de Reunião

Nesses tempos de pandemia aumentou a necessidade de fazermos reuniões online, via videoconferência.

Para facilitar o gerenciamento desse tipo de reunião, criei um aplicativo web utilitário: Divergents. Ele reune basicamente duas características: temporizador e gerenciador de inscrições para fala.

O botão de Intervenção para a contagem de quem estava falando, podendo ser utilizado para momentos de intervenções da mesa ou questões de ordem. É possível configurar também o tempo padrão de cada fala.

Está bastante utilizável. A ideia é que alguém que vá secretariar a reunião abra a página no seu navegador e compartilhe a tela com os demais participantes. Quem for se inscrevendo, seja por chat, levantamento de mão ou o que for, o secretário adiciona o nome no divergents e todos os participantes veem quanto resta de fala para o orador atual e quem são os próximos.

Espero que seja útil! Ele pode ser acessado em Apps Cordéis ou você pode baixá-lo do Github.

Biblioteca OPDS

Não sei se você conhece a Biblioteca Cordéis.com. O endereço é livros.cordeis.com e é onde publico diversos conteúdos gratuitos, incluindo Literatura de Cordel, RPG, novelas de folhetim e outras coisas. Já tem bastante material lá! Mais de 100 ebooks!

Uma das coisas interessantes sobre essa biblioteca é que ela oferece OPDS! OPDS vem de Open Publication Distribution System. Trata-se de um catálogo de livros (ou publicações em geral). O bacana é que não é um catálogo para usuários, diretamente, mas sim para programas.

Muitos leitores de livros digitais (ebook readers, principalmente para smartphones) permitem adicionar catálogos e, uma vez com eles adicionados, permitem navegação, buscas, leituras de sinopse e download dos livros lá constantes. Isso é legal!

Para entrar nessa biblioteca basta adicionar o endereço livros.cordeis.com/feed.php no seu leitor de livros digitais. Se você entrar diretamente em livros.cordeis.com pelo navegador, poderá navegar e baixar livros por lá também, de forma direta.

É isso aí! Para quem gostou dessa ideia e pretende fazer uma também, segue a dica: estou usando LibreOfficeCalibre e COPS.

Já chegou o Disco Voador

A 30ª edição do Cordel Encastelado acaba de sair. Trata-se de uma estafeta falando de discos voadores, com 5 participações. Confira lá! A propósito, você pode ver todas as edições do Cordel Encastelado no wiki do projeto e receber material assinando o canal do Telegram @ecordel.

Lendas e folclore há muito habitam o imaginário popular. Lobisomens, sacis e outras personalidades povoaram o imaginário popular, marcando presença também na Literatura de Cordel.

Por que não falar também dos mitos mais contemporâneos? Objetos Voadores Não Identificados, a possibilidade de vida em outro planeta, causos de avistamento e abduções não faltam por aí.

Nesta edição do Cordel Encastelado, nós abordamos esse grande mistério. Afinal, não é de hoje que o tal disco voador tem causado muito espanto.

Boa leitura!

O Problema da Iniciativa

Quem joga RPG pela Internet precisa resolver algumas questões. Vai usar um tabuleiro virtual ou vai usar só o “teatro da mente”? Se for usar um tabuleiro, qual deles? Para a rolagem de dados, dados físicos? Roladores de fórmula em chat? Roladores virtuais? E, por fim, como gerenciar a iniciativa?

A maioria dos tabuleiros virtuais já traz solução para quase tudo, mas nem sempre ela agrada. É muito comum, por exemplo, desativar a videoconferência do roll20 e usar Skype, Meet ou outra solução no lugar dela.

Quando conheci o Owlbear Rodeo, um tabuleiro virtual, adorei a proposta. É um tabuleiro simples, leve e sem vínculo com sistema nenhum, de tão simples. Havia apenas dois problemas: o rolador de dados não mantém um histórico de rolagens; não tem um gerenciador de iniciativa.

Aqui cabe um parêntese adicional. Testei o Astral Tabletop também e tive uma experiência péssima com o gerenciador de iniciativa deles. Eu realmente não sei como conseguiram fazê-lo ficar tão pesado! Fechemos este parêntese.

Um outro parêntese agora para quem não está entendendo muito a conversa: gerenciamento de iniciativa é a definição da sequência de ação dos personagens, especialmente útil em situações críticas do jogo, como um combate ou o enfrentamento de uma armadilha mortal já ativada. A gente define a ordem de ação, incluindo personagens dos jogadores e do mestre, e a partir desse ponto usamos esta ordem para coordenar quem age em que momento. Isso é gerenciar a iniciativa.

Tá legal, agora a parte interessante do owlbear rodeo: ele não tem um gerenciador de iniciativa, mas os vídeos do projeto trazem uma sugestão para isso: montar um gerenciador visual! Você precisa de uma “régua” com as colunas representando cada momento da rodada e de um marcador para apontar na vez de quem estamos.

Gostei muito da ideia e fiz um para utilizar com o XR-III, que trabalha com 10 turnos de iniciativa (rola 1d10 e não soma nada). Se você também quer jogar XR-III ou a solução servir para o seu sistema também, ficam aqui os arquivos! É a régua mais 3 opções de seletor. Um deles fica em cima do número e os outros dois (um branco e outro preto) ficam uma casa acima.

Aproveitando, dá uma olhada no meu novo site www.xrpg.com.br, ele reúne links úteis para jogar RPG!

Régua de iniciativa.

Insira no tabuleiro, defina seu tamanho para 10 casas de largura e maque-a como fixa. No owlbear rodeo você clica no ícone de cadeado.

A New Blog

My previous attempt in build a new blog was changed. Previous posts in Brazilian Portuguese are now in blog.cordeis.com. cordeis.vivaldi.net will be the scene of experiments writing in English.

I’m Cárlisson Galdino, brazilian, cordelist, writer of adventure novels and indie tabletop RPG. I hope this new blog works and you can get enjoy something!

Lançamentos de Maio

Este mês foram publicados 2 cordéis e 1 conto, sendo o conto gratuito.

Quem apoia o projeto tem acesso ao Dia em que o Diabo foi o Salvador. Mês que vem tem cordel interativo! (misturando Literatura de Cordel e aventura solo) Não perca!

RPGCon 2021 e XR-III

Ontem foi o dia inicial da RPGCon deste ano. Um evento online de RPG, com várias palestras, mesas e material, de modo geral.

As palestras estão sendo muito boas e recomendo mesmo que dê uma olhada no site do evento e no canal do Youtube, onde as palestras continuarão disponíveis para serem vistas depois.

Quanto a mim, fiz duas participações por lá: uma na parte dos RPGs indie apresentando o XR-III e outra na dos podcasts, com a declamação do cordel A Lenda de Frushige, que também foi publicada ontem no próprio podcast. Mais pra frente colocarei no canal Cordel Arcano uma versão com “animação”.

Estou devendo ainda episódios de maio, apresentando os lançamentos do mês (sim, teve, e são bem legais) e outras coisas. Pretendo publicar até o final do mês, talvez sem outro cordel declamado, mais curto, mas espero que consiga.

Uma novidade é que estou preparando um “Almanaque” para o XR-III, com vários personagens prontos, incorporando regras para jogar solo e outras coisinhas, num ebook só. Deverá ser publicado gratuitamente, até para divulgar o sistema e os cenários. Aguardem!

Por hoje, fiquem com a apresentação do XR-III, explicando os conceitos e apresentando todo o conteúdo que já foi publicado até o momento:

XR-III e os Atributos Aleatórios

Uma das coisas bacanas de ser programador e gostar de RPG é poder criar um gerador de personagem aleatório com certa facilidade. Desenvolvi um por aqui para XR-III, que tenho utilizado, mas uma coisa me incomodava um pouco e tem a ver com a definição dos atributos. Vamos falar disso um pouco hoje.

Tá, mas o que pretendo abordar tem a ver com conceito e método, então quem gosta de gerar coisas aleatoriamente com papel, caneta e dado com certeza poderá tirar algum proveito também.

Atributos do XR-III

Um personagem XR-III tem natureza, arquétipo e outras características para se sortear. O foco aqui são os valores numéricos para os 3 atributos: Físico, Mente e Espírito. As regras são:

  1. Nenhum atributo pode ter valor menor que 1
  2. Nenhum pode ter valor maior que 5 (personagens iniciais)
  3. A soma dos 3 atributos tem que dar 7

Algoritmo Caótico

A primeira solução para gerar esses atributos foi a mais óbvia: vou sortear valores entre 1 e 5! Isso pode ser feito computacionalmente de jeito bem fácil. Com dados, a solução que adotei foi: rolo 1d6 e subtraio 1.

Ah, o valor não pode ser 0. Qual a solução para isso? Simples. Basta responder à pergunta: qual o nível de atributo mais comum, a média? Quando cair 0, considere-se que foi o valor mais comum! No nosso caso, 2.

Esse método funciona relativamente bem, mas quebra aquela terceira regrinha. Pode aparecer personagem com 3 ou 4 pontos de atributo e outros com 14 ou 15. É um bom começo, mas precisaria de ajustes para dar certo. Quais ajustes? Vejamos…

Rerrolagens, Ajustes e Descartes

Vejo três soluções para o problema da terceira regra:

  • Ajuste: esta solução é prática para aplicarmos mecanicamente, sem computador. A ideia é: veja o quanto ficou diferente e ajuste os valores. Por exemplo: saiu 3, 3 e 4. Isso dá 10, 3 a mais do que devia. Então, podemos baixar os 3 atributos em um para termos 2, 2 e 3. Resolvido. Se a diferença não é um valor múltiplo de 3 (1, 3 e 4, por exemplo), você decide que valores vai mudar.
  • Rerrolagem: uma solução mais fácil computacionalmente, mas não tão difícil com papel, caneta e dado. Não deu múltiplo de 7, some os 2 primeiros valores. Se der menos que 6, troque o 3º valor por 1; se der menos, role de novo até sair um valor que somado com os outros 2 dê 7. Agora se os dois primeiros já passaram de 6, então você deve rolar de novo o 2º valor.
    • Uma versão alternativa desse método é analisar se a soma foi maior ou menor do que o desejado (7). Se for maior, substitua o maior número que havia sido sorteado por uma nova rolagem. Se for menor, rerrole o menor número.
  • O método do descarte não é recomendável com papel e caneta. É o mais fácil e preguiçoso de todos, que pode desperdiçar muito processamento também. É simples: antes de mostrar o resultado, verifique se a soma deu 7, se não deu jogue tudo fora e comece de novo.

Só Dentro do que Falta

Este método achei mais interessante por tender a gerar personagens mais equilibrados. Comecei a usá-lo com um sorteador (que permite definir qualquer intervalo, simulando dados que “não existem”, como um d11) e só depois implementei um algoritmo que faz isso.

Imagine os 3 atributos de 1 a 5 como se fossem 15 quadrados, com linhas separando em blocos de 5. Agora pinte 1 quadradinho de cada bloco, representando que cada atributo já tem valor 1 de partida.

Para sortear o próximo número, você conta os quadradinhos em branco e sorteia só nesse intervalo.

Repete esse procedimento até ter 7 quadradinhos pintados. Pronto, atributos gerados. Confuso? Veja um exemplo prático:

  1. Começamos com Físico 1, Mente 1, Espírito 1, representados como xoooo xoooo xoooo. O intervalo é de 12 “não-marcados”. Então dá pra rolar 1d12
  2. Digamos que o resultado foi 1. Atualizamos para xx000 x0000 x0000, ou seja, F 2, M 1, E 1. Agora há só 11 casas livres. Role 1d11. Se estiver usando dados, role 1d12 mesmo e role de novo se cair um 12.
  3. Agora saiu um 7. A 7ª casinha em branco é a última do segundo bloco. Podemos marcá-la ou qualquer outra do mesmo bloco. Ficaria então assim: xx000 x000x x0000. Como são equivalentes, prefiro marcar a 4ª casinha pra ficar mais organizado. xx000 xx000 x0000, ou seja, F 2, M 2, E 1. E temos agora 10 casas em branco.
  4. Rolando 1d10 sai um 3. Isso joga novamente no primeiro bloco (seria a última casinha do bloco). Vamos marcar xxx00 xx000 x0000, ou seja, F 3, M 2, E 1. São 9 possibilidades restantes.
  5. Na última rolagem (1d9), sai um 8, ativando o 3º bloco. Resultado final: xxx00 xx000 xx000, ou seja, F 3, M 2, E 2.

O que gostei deste método é que a cada rolagem a chance dos atributos mais baixos é maior que a dos atributos mais altos. Isso me soa mais realista, já que assim a tendência é que os valores sejam mais medianos e personagens com algum atributo em nível 5 sejam mais raros.

Sorteando por Modelo

Uma outra possibilidade é você fazer uma tabela de sorteio com distribuições pré-definidas, e isso dá pra ser feito para sortear atributos em qualquer sistema de RPG. Em XR-III, a tabela com todas as possibilidades teria 15 valores. Você poderia limitá-los a um dado que você queira. Uma tabela para 6 valores poderia ficar assim:

RolagemFísicoMenteEspírito
1115
2412
3313
4214
5223
6241

Pois é, foram apenas divagações, mas que talvez alguém mais possa achar interessantes.

— Cárlisson Galdino

Sobre Novas e Velhas Besteiras

Um dia disseram que mulheres seriam fracas demais para exercer a Medicina. Que esta profissão era “obviamente” apenas apropriada para homens. Foi-se um tempo em que mulheres não passavam de meras posses de alguém (entenda-se: de algum homem).

Um dia disseram que índios não tinham espírito. Negros também não. Escravizar não seria um crime, muito pelo contrário, pois entre os serviços que os escravos prestariam, eles teriam contato com a “civilização”, sendo pouco a pouco instruídos e catequizados.

Eles levavam mulheres e as puniam por “despertar desejo nos homens”. Puniam e puniam até não ver mais mulheres e sim farrapos de gente, sem dentes e deformadas. Tratavam de queimar o bagaço humano em praça pública. E diziam que eram bruxas, que bruxas eram feias e que bruxas eram más. As torturas na Terra, diziam, diminuiriam as torturas que esperam pelos infiéis no pós-vida. Era uma época de deslumbramento da Cruz com o Poder.

O Poder sempre foi envolto em mentiras. Reis e imperadores já foram divindades na Terra ou por elas indicados. Sangue azul não era apenas uma metáfora. Quanta mentira já foi dita… Hoje ainda se diz que o futuro de uma nação está nas mãos de uma única pessoa, responsável por tudo o que acontece do lado de cá das fronteiras.

As fronteiras… Fronteiras de uma terra pretensamente descoberta, assim ao acaso, como quem não quer nada. Como se ventos desviassem navios por distâncias transcontinentais (nem que fossem marinheiros bêbados!). Como se Pindorama não tivesse pessoas e não fosse já a nação de centenas de povos.

Já disseram que houve um grito heroico no Ipiranga, capaz de nos libertar e nos dar soberania, apartando-nos de Portugal. Claro, o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas à pátria dominante deve ter sido um mero detalhe neste quadro.

E ainda há quem pense que é de hoje que lideranças políticas brasileiras resolvem as coisas com dinheiro, nas entrelinhas, longe dos holofotes.

Ainda há quem queira justificar as torturas do período de governo militar e ainda peçam seu retorno pelas ruas, que vexame! Torturas e assassinatos que, como estão escondidos aos montes debaixo do tapete, dizem não terem havido. Tortura por interrogatório ou sadismo? Pouco importa, deveriam ser crime contra a humanidade.

Diziam que o golpe era um contragolpe os que defendem o indefensável. Diziam que comunistas comiam criancinhas e que naquele período não havia corrupção.

Quanta coisa já foi dita e quanto mito já caiu… Quantas crenças deixaram de ser religiões para se tornar mitologias? Será que a fé do antigo heleno em Athena era menor que a fé do contemporâneo beato cristão? Quem pode saber?

Já disseram que o Inglês é a língua mais falada no mundo por ser uma língua fácil. Não citam o fato de o posto já ter sido ocupado, bons tempos atrás, pelo Latim!

Já disseram que a culpa pelos crimes é dos mais jovens, ou dos mais pobres, ou dos mais negros. Muitos já disseram que é dos três, principalmente quando combinados. E que quando a polícia mata é porque coisa boa o pobre não estava fazendo. Salvem as sábias balas juristas do Brasil!

Já disseram que tudo o que é público não é de ninguém. É o caminho para a apropriação, depredação e desrespeito de quem, logo depois, aparece a reclamar da corrupção, irresponsabilidade e respeito de seus próprios representantes.

Disseram que não há políticos honestos e que o Estado é a culpa de todos os males. Que o Comércio é, por outro lado, a perfeita criação da natureza humana. Que uma vez solto, será capaz de se regular sozinho em prol de toda a Humanidade. Claro que sim, Pink! O Estado é corrupto e o Comércio é puro! E comércio é sempre socialmente bem intencionado, respeitando funcionários e clientes por iniciativa própria. Claro, claro…

Já disseram que os jornais são imparciais. E que todas pessoas nascem iguais. Como é possível, no decorrer da História, ter havido quem acredite em tanta besteira? Ops! Parece que ainda há…

— Cárlisson Galdino

João Ribeiro Lima

Na Academia Arapiraquense de Letras e Artes, ocupo a cadeira de número 37, que tem como patrono João Ribeiro Lima. Resgatei a minibiografia do meu patrono, que aqui publico. Fonte: livro Acala – História e Vida.


João Ribeiro Lima nasceu em Arapiraca, no dia 15 de julho do ano de 1889. Filho de Manoel Jacinto da Silva e de Antônia Maria do Espírito Santo. Irmão de João Jacinto da Silva, Afrígio Jacinto da Silva e Maria Jacinta da Silva.

Casou-se com Elvira Magalhães, com quem teve cinco filhos. Com o falecimento da esposa, teve o segundo matrimônio com Tereza Umbelina da Silva, do qual nasceram mais cinco filhos.

Sendo um homem trabalhador com visão futurista, foi um dos organizadores na criação no município de Arapiraca, ajudando a criar as primeiras leis municipais. Foi escolhido para ser o primeiro tabelião do município, quando criou o primeiro Cartório do primeiro Ofício em 30 de outubro de 1924, na ocasião da Emancipação Política do Município.

Participou do cenário político municipal. Foi eleito prefeito por duas vezes, de 1928 a 1930 e de 1945 a 1947. Por seus ideais sempre voltados para o progresso de Arapiraca, acima de tudo, do bem-comum. Dotado de uma ampla visão, objetivando sempre o crescimento e desenvolvimento do município. Apesar de ter tido uma trajetória política conturbada, foi brilhante no seu desempenho.

Exercendo a função de tabelião, trabalhou no Cartório até sua aposentadoria, quando seu lugar passou a ser ocupado por sua esposa, Tereza, que também dirigiu os trabalhos até a aposentadoria. Desta vez, foi sua filha Cyra Ribeiro que assumiu a função, administrando com competência o cartório, pois desde criança acompanhava o trabalho de seus pais. Até hoje continua liderando os trabalhos do conhecido Cartório do primeiro Ofício, situado no mesmo local Rua Lúcio Roberto no centro da cidade.

Em 28 de janeiro de 1933, o Cartório passou a ser de Registro Imobiliário de Arapiraca.

Entre as obras realizadas em sua gestão, transferiu o cemitério do Centro, onde hoje está construída a Concatedral Nossa Senhora do Bom Conselho, para o atual local, o Cemitério Pio XII.; abriu as ruas Dr. Domingos Correia, Dr. Pedro Correia, Monsenhor Macedo e a Rua Estudante José de Oliveira Leite, na época Expedicionários Brasileiros, cuja mudança de nome foi solicitada após a morte de um estudante do Colégio Bom Conselho nas praias de Maceió por afogamento, por colegas e amigos, como uma homenagem. João Ribeiro aceitou trocar o nome, mesmo contrariado, pois o nome “Expedicionários Brasileiros” para a rua central lhe trazia grande satisfação. Desta maneira, ocorreu a mudança do nome Expedicionários Brasileiros para Estudante José de Oliveira Leite. Expedicionários Brasileiros passou a ser o nome da rua do Cemitério Pio XII.

Aos 70 anos, morre o João Ribeiro Lima, deixando assim seu nome gravado nas páginas da História do Município de Arapiraca.

Round Quantum

Mais um artigo antigo. Este já era antigo quando foi publicado, em 2017, mas ainda pode ser interessante e útil. uma técnica de organização pessoal.


Chamamos de quantum uma unidade de tempo de cerca de 1 hora (com margem de 15 minutos para mais ou para menos). Para utilizar esta forma de organização, você precisará de um cronômetro (pode ser de relógio, um cronômetro de cozinha ou um software), além de duas listas de tarefas que precisará manter (mantenha da forma que for mais eficiente para você).

A primeira delas é a lista Hard, que tem as tarefas que realmente tem deadline e precisam ser concluídas em pouco tempo. As tarefas desta lista devem ser pontuais (cada tarefa por ser executada apenas uma vez. Ao ser executada, será removida da lista) e devem estar dispostas em ordem de prioridade: a mais urgente primeiro.

A segunda lista é a Soft, com tarefas importantes mas não urgentes, que tem flexibilidade no prazo de execução. Estas podem ser tarefas recorrentes (por exemplo “publicar artigo no blog”) ou não, e não precisam estar em ordem de prioridade. Recomendo que esta lista tenha no máximo 12 itens.

Comece o dia com 15 minutos dedicados a leitura de e-mail e notícias (ou entretenimento). Se não der para ver tudo, não se preocupe, ao fim de cada tarefa você terá mais 15 minutos.

A primeira tarefa do seu dia deverá ser uma tarefa da lista Hard. Pegue a primeira tarefa da lista, marque o cronômetro para trinta minutos e a execute. Ao término dos 30 minutos, você poderá estender o tempo para no máximo 30 minutos (e só uma vez). Após o tempo gasto na tarefa, pare. Se a tarefa foi concluída, risque da lista. Se não foi, verifique sua prioridade. Caso tenha adiantado bastante seu desenvolvimento e seja possível fazer isso, troque-a de lugar com outra da lista Hard (provavelmente você trocará de lugar com a segunda ou com a terceira).

Agora você pode empregar 15 minutos em contato com o mundo: ler notícias, ler e-mails, ver algum vídeo… De preferência, algo que seja prazeroso e que não explore as capacidades que já são exploradas pelas tarefas. Por exemplo, se você está trabalhando sempre escrevendo, gaste os 15 minutos em algo que não exija escrita de nada.

Para a próxima tarefa, verifique se há urgência na Hard List. Como você já concluiu (espera-se) alguma tarefa dessa lista, pode ser que haja margem para alguma tarefa da Soft List. Se você dispõe de muitos quantuns por dia para gastar nas tarefas, pode pensar em trabalhar de modo alternado: um quantum hard, um quantum soft, um quantum hard, um quantum soft… Se o próximo quantum será hard, repita o procedimento acima, como se fosse iniciar a primeira tarefa do dia.

Para o Quantum Soft, sorteie uma das tarefas da Soft List. Se você tem 12 tarefas, pode utilizar um dado de 12 lados (o mesmo para 4, 6, 8, 10, 20 ou 100 tarefas, para as quais existem dados). Para 13, você pode utilizar um baralho comum. É interessante que o último número do seu sorteio não seja uma tarefa, mas uma opção tipo “Hard List”, de modo que a Hard List tenha sempre uma chance de ser atendida novamente. Se não quiser usar dados, você pode usar softwares como o rolldice (GNU/Linux) ou um site como o Random.org.

Com a tarefa sorteada, empregue 30 minutos em seu desenvolvimento. Da mesma forma que acontece com a Hard List, após esses 30 minutos você pode prolongar seu tempo (apenas uma vez) para mais 30 minutos. Se a tarefa for concluída e ela não era uma tarefa recorrente, então risque-a da Soft List. Se ela foi deixada pela metade, reavalie seu grau de importância. Pode ser interessante promovê-la à Hard List.

Por fim, mais 15 minutos a serem dedicados a outro tipo de atividade (informação ou diversão).

Reserve 15 minutos ao final do dia ou período para atividades de fechamento: registro do que foi feito em um diário de bordo, revisão das tarefas para o dia/período seguinte, etc.

Tarefas – especialmente da lista Soft – podem agrupar subtarefas. Se o número de subtarefas crescer muito, coloque-o em uma nova lista.

Para organizar as listas, você pode utilizar um arquivo de texto da sua ferramenta de escritório favorita; um caderno; arquivos de texto plano em uma pasta própria; ou um sistema de wiki pessoal. O bom deste último é que torna fácil o uso de listas adicionais, de modo a tornar as tarefas da lista Soft em meta-tarefas ou agrupamentos de tarefas.