É Cordel, Não é Cordel

Este post foi feito inicialmente no meu site antigo, em abril de 2019.


No cenário do Rap tem uma turma que não gosta de inovações. Acho que a essa altura esses, chamados pelos novos de “guardinhas do Rap”, já estão mais calmos. O lance é que “donos do gênero” existem independente do tipo de arte. Assim como tem no Rap, tem os do Metal, tem os da Ficção Científica e, claro, tem os da Literatura de Cordel.

Antes de entrar no assunto, para fechar a referência ao Rap, deem uma olhada nessa música excelente de Raphão Alaafin:

A origem da Literatura de Cordel, até onde vi, é controversa. Nota-se isso com ainda mais nitidez quando a gente pesquisa arte popular fora do Brasil. Na Espanha tinha os Romances de Cego, mas arte em livretos populares existiu em vários países. França, Inglaterra…

Leandro Gomes de Barros é um dos maiores nomes (talvez o maior) na Literatura de Cordel brasileira. Aparentemente, quem começou a utilizar a sextilha (estrofes de seis versos rimando só os pares – xAxAxA -, o estilo mais utilizado por Leandro Gomes) foi Silvino Pirauá de Lima, que criou também o subgênero Romance de Cordel. O pouco que vi de sua obra tem várias estéticas, até quadras ele usava.

É dito que Literatura de Cordel é formada por Rima, Métrica e Oração. Hoje entendo o que é essa oração: linearidade ou narrativa. Assim como freestyleiro é rapper, não concordo com quem pensa que repentista não é cordelista. Inclusive, martelos, galopes e outros são bem mais sofisticados do que a sextilha. Isso pra mim não descaracteriza o cordel, do contrário: o engrandece.

Nessa história de “é cordel”/”não é cordel”, penso que cabe julgamento de opinião sobre qualidade técnica e preferências, mas quem realmente pode se dizer dono do cordel a ponto de decidir quem tem direito de se dizer cordelista ou não? Ou, como diz o Raphão, “enquadrar a rima do mano”? Tem quem queira impor regras com mais rigidez até do que a Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Hoje eu só tenho o pé atrás e estranho quando vejo um “cordel em prosa”, sem verso. Mas confesso que me incomoda não ter um nome para chamar isso, principalmente depois de ver que esse tipo de criação já teve seu lugar mundo afora. Claro, eu chamar de cordel não significa que eu admire e curta todo cordel que vejo…

— Cárlisson Galdino

As Sementes do Mundo Inferior

Concluída a votação para a escolha da próxima novela de aventura do Bardo! Uma história a ser escrita e publicada em episódios semanais.

O resultado desta votação foi o seguinte:

  1. Com 70% dos votos, As Sementes do Mundo Inferior
  2. Com 20% ficou Heróis da Pátria
  3. Com 10%, A Lenda de Flacho

Assim, já temos uma vencedora e vou me organizar para começar a escrever essa nova história.

Quanto à pesquisa que fiz no final da enquete, houve alguns resultados interessantes.

No quesito RPG, os tipos de conteúdos mais desejados são:

  • Ambientações criativas
  • Ambientações históricas

Os temas mais votados para cordel foram:

  • Romance de cordel
  • Temática de RPG

Os cordéis que mais merecem versão impressa:

  • A Lenda de Frushige
  • Galope Estelar

As novelas de aventura mais lidas foram 3, justamente a Trilogia Escarlate.

As novelas de aventura que mais despertam interesse de ter versão impressa foram:

  • Jasmim (já tem! :-D)
  • Trilogia Escarlate
  • O Último Mototáxi de Arapiraca

Planejando as Sementes

Sementes do Mundo Inferior será meu primeiro replay, que é a escrita de uma história a partir de aventuras de RPG jogadas. Devido ao jogo se passar em um mundo protegido por Copyright, com alguns personagens nessa mesma situação, será preciso fazer várias mudanças e adaptações.

A campanha, que se chama Vanguarda Audaz, é jogada em D&D 5ª edição no cenário do Senhor dos Anéis. Em especial, essa parte da aventura no subterrâneo se passa em um cenário menor criado pelo nosso mestre Iran e incorporado ao mundo de Arda.

Quanto às adaptações, pra começar o mundo onde a história se passa será transportado para Galdentur Norte. Isso deixa a saga próxima da saga Escarlate inclusive! Como Galdentur Norte ainda não está tão definido, será uma oportunidade também de expandir o cenário Canção dos Reinos.

O panteão tem um papel fundamental na história. Será substituído pelo panteão de Canção dos Reinos.

Como utilizamos o D&D para jogar, mas o cenário é pensado para XR-III, devo acelerar o plano que eu já tinha de ter um modo minimamente compatível, ligando esses dois sistemas. Já tenho algumas anotações a esse respeito, mas será preciso pelo menos um rascunho inicial para que eu possa utilizar como referência nessa escrita.

Falta definir elenco principal, fazer uma ou outra substituição, além de tudo isso que falei. Ou seja, vai levar um tempinho para os episódios começarem a aparecer de fato. Mas vai sair!

Nosso mestre e amigo Iran Morais é quem mestrou a saga que se tornará essa novela. Ele ainda mestra essa campanha e eu ainda estou por lá jogando com a elfa Sharon Siz-Thorien. Devo contar com ajuda dele nessas adaptações e ajustes. Aguardem novidades!

Escolha a Próxima História

Concluído O Último Mototáxi de Arapiraca, aproveito para resgatar uma prática de cerca de uma década atrás: apresento 4 propostas de história e você vai ajudar a escolher qual delas eu devo escrever. A vencedora começará a ser escrita e será publicada como um folhetim, com episódios publicados semanalmente! Vamos às candidatas!

Candidata 1: Sibilo da Justiça

Marfim Cobra foi o primeiro romance que escrevi. A história é interessante e se passa no mesmo mundo de Jasmim (Ases), minha primeira novela de aventura. A proposta é reescrever a história totalmente, atualizando para o formato de 50 episódios e podendo mudar muitos aspectos da história também.

Candidata 2: As Sementes do Mundo Inferior

Tenho feito registros de uma campanha no mundo do Senhor dos Anéis. O nosso mestre, Iran, criou um subcenário subterrâneo complexo onde se passou uma boa parte da campanha. A proposta é pegar esse arco e fazer um replay, criando uma novela de aventura narrada por Sharon Siz-Thorien, minha personagem, mas podendo mudar muitos elementos para adequar à narrativa. Seria o primeiro volume do Diário da Sharon.

Candidata 3: Heróis da Pátria

Falar mais a respeito pode dar spoiler se você ainda não leu O Último Mototáxi de Arapiraca. Basta dizer que Heróis da Pátria seria uma continuação daquela história, com uma iniciativa do Governo de combate e perseguição aos neocangaceiros.

Candidata 4: A Lenda de Flacho

No mundo de Animalia todos têm orelhas de algum animal, são raças diferentes dentro da espécie humana de lá. Um mundo de paz, onde nem mesmo armamentos são pesquisados e desenvolvidos. Um dia apareceu um supremacista dentro do povo-pombo e começou um plano louco de dominação. Flacho é um homem-rato inventor que vai reunir um grupo de heróis de várias raças para tentar impedir que o supremacista consiga cumprir com seu plano de opressão.

Escolho…

Para votar, basta preencher o formulário publicado em http://bit.do/escolho. Se tiver um tempinho, aproveite para participar também de uma pesquisa rápida no final (mas se não tiver tempo, você pode simplesmente votar na novela e pronto).

Lembrando também que estou escrevendo a novela Mochileiros Blackrook às 20 horas das terças-feiras no Livro ao Vivo, na Twitch!

O Último Mototáxi de Arapiraca Finalizado

Comecei a escrever a novela de aventura cyberagreste O Último Mototáxi de Arapiraca para publicação no site da AL RPG Club, em estilo folhetim, um episódio por semana. A história foi publicada lá, mas é aquilo… Folhetim de 50 edições levam quase um ano inteiro! Em algum momento deixou de dar certo, o site até saiu do ar por motivos outros. Então, migrei para o Wattpad.

No último sábado foi publicado por lá o último episódio da história! Se você ainda não conhece, vai lá no Wattpad e confira!

Esta novela apresenta dois protagonistas: Gael, o helimototaxista na Arapiraca do futuro, e Lestat, um neocangaceiro. Muitos personagens interessantes mais. Daqui a alguns bons meses eu pretendo lançar um financiamento social para o lançamento da novela em formato impresso. Fique de olho! Estou planejando umas recompensas muito bacanas!

E dentro de alguns dias vou resgatar uma prática antiga nos meus sites/blogs: o público escolhe qual a próxima novela de aventura que eu vou escrever e publicar, dentre 4 opções!

Cordel e Poesia no Aniversário de Maceió

Este ano Maceió festejou seu 206º aniversário. Houve uma grande programação, que incluiu um palco com atividades culturais na quinta-feira (02/12). Abrindo a programação, estava a associação AL RPG Club.

Juntamente com o poeta urbano Peralta da Caim, fui convidado por Jefferson Diniz e Marcus Kelly, da associação, para falar sobre poesia e cordel numa perspectiva nerd.

Foi um grande momento, com declamações e conversas nesse assunto. Jefferson foi que conduziu o momento no palco, junto com a gente. Agradecimento à AL RPG Club na figura dos dois pelo convite e pelo espaço, bem como à Prefeitura e à FMAC, com a Mírian à frente, que organizou o evento.

3ª Fliara

Entre os dias 26 e 28 ocorreu na cidade a terceira edição de sua feira literária. O evento teve uma programação interessante. Mais uma vez a ACALA e a UBE tiveram um estande e houve uma programação própria das entidades durante o evento.

Conseguimos uma tenda para os cordelistas da AALC e convidados, que compartilhamos em 2 dias com artistas da Juventude Conectada. Artistas visuais, em sua maioria, mas havia também outros escritores.

Meus amigos colegas cordelistas Cícero Manoel, Rosana Oliveira e Tony Pessoa compareceram para expor seu material e conversar. Apareceram vários conhecidos também, em visitação.

Foi um evento bom, que poderia ter sido melhor se a chuva não nos perseguisse, chegando com força. Tínhamos algumas mesas bacanas para o domingo também, que infelizmente não puderam se realizar. Uma delas, de que eu participaria, era sobre RPG como ferramenta para ajudar a escrever histórias. Fica para outra oportunidade.

Agradecimento a Marta Eugênea, Jon e Wellington, da Secretaria de Cultura; Ivana, secretária de Educação; Marcus Kelly, Jefferson Diniz e Ramon Dules, da AL RPG Club; e vários outros que contribuíram com o evento.

É muito importante o evento continuar existindo e persistir no calendário cultural da cidade. Os organizadores falaram da intenção de uma 4ª edição ainda melhor ano que vem. Torçamos!

Manifesto Neocordelismo

Publicado inicialmente em fevereiro de 2019.


Acaba de ser lançado o Manifesto Neocordelismo. Concebido por mim e Zé de Quinô, com apoio e contribuições de outros participantes do Laboratório da Rima, este manifesto fala de um novo cordel, que respeita o antigo mas olha para o futuro. Entendemos Literatura de Cordel como cultura e, por isso, viva! O que significa que se mexe, se molda e se expande.

O logo que improvisei para o manifesto representa um chip de computador com um lampião e o Sol, simbolizando a mistura de elementos tradicionais com a tecnologia sem negá-los, mas somando.

A partir de agora também o endereço cordeis.com, que antes redirecionava para o meu site, agora tem uma página apresentando o manifesto e quem o apoia. O manifesto está exposto para leitura simplificada na própria página de seu lançamento e também é oferecido por lá em formato PDF para download. Confira lá como ficou!

Lançamentos de Novembro!

No mês de novembro, dois novos cordéis e um conto renovado! Veja aí:

A Lenda de Aztil

Depois de Talita – Campeã da Terra, é a hora de você conhecer Aztil, um outro super-herói apresentado em um romance de cordel, escrito em setilhas piratas.

Pensando ser um ser humano
 Entrou na cidade Celcity
 De prédios enormes e caros
 Viadutos de belos grafites
 Ao interagir
 Pôde descobrir
 Que tinha poder sem limite

Pois era capaz de voar
 Sua força era além do normal
 Não viu mais pessoas assim
 E assim percebeu, afinal
 Olhando essa gente
 Era diferente
 Ele era alguém especial

Em uma banca de revista
 Abriu uma história em quadrinhos
 De super-herói e pensou
 “Caramba, eu não estou sozinho!
 Também sei voar!
 Eu posso lutar!
 Vou seguir é nesse caminho!”

A Lenda de Aztil está à venda como ebook na Amazon.

O Ataque do Ouriço-Coceira ao Castelo do Rei Camarão

Mais um cordel que brinca com poesia do absurdo. O confronto entre o ouriço e o camarão é narrado em 39 sextilhas. Atenção para a presença feminina na história! As duas praticamente roubam a cena.

Era um reino governado
 Por Rei Camarão Terceiro
 Que lá no fundo do mar
 Já foi grande fazendeiro
 Mas hoje não faz mais nada
 Para ganhar mais dinheiro

Quando ele era bem pequeno
 Um dia ele achou um trevo
 De quatro folhas, capaz
 De deixá-lo bem longevo
 E foi nessa empolgação
 Que iniciou seu acervo

Comprou logo uma fazenda
 Danou a plantar arroz
 Depois foi pra pecuária
 Comprou alguns peixes-boi
 Até construir fortuna
 Foi lá por 2.002

Só que um dia apareceu
 Vindo lá do arpoador
 Um inimigo jurado
 Bem veloz e sem temor
 Desafiar Camarão
 Não foi pra dizer “Alô”

O Ataque do Ouriço-Coceira ao Castelo do Rei Camarão pode ser adquirido como ebook na Amazon e no Google Play Livros.

Prisioneiro do Passado

Um conto relativamente antigo sobre um aventureiro velho e triste lamentando a própria vida à beira de um rio. Ambientado inicialmente em um mundo genérico de fantasia medieval, na revitalização da história ele foi portado para o mundo de Kairot. Este cenário, nunca formalizado como ambientação para RPG, foi utilizado na escrita da antiga história Os Guerreiros do Fogo.

“Já ouviu que um anjo uma vez caído nunca se levanta? Eu nunca fui anjo, mas jamais voltarei a ser nem mesmo parte do que um dia fui.”

O Sol espalha seu brilho apagado, calmo demais. Como a luz de uma vela. Lá está ele, detrás das árvores que, embora verdes, transmitem um tom ligeiramente metálico. A faísca das espadas, a ensurdecedora explosão dos seus choques, são as lembranças mais presentes e não há como fugir delas. Nunca houve. Icleus já tentou fugir e não apenas uma vez. A esse ponto da vida já estava desenganado.

A luz matinal do Sol, à margem do rio, deitado em um gramado divinamente verde. Tudo estava propício, mas a tal da paz não vem, nem mesmo assim.

A nova versão do conto está disponível gratuitamente na 9ª edição do Pulp Zine Castelo, na Biblioteca Cordéis.

Rarefeitos 3

Por fim, este mês teve a volta de um aplicativo antigo, reformulado. Rarefeitos foi escrito inicialmente para Firefox OS, sendo uma cartucheira de efeitos sonoros.

A nova edição foi reescrita do zero, com uma apresentação muito mais interessante e prática. Todos os sons foram substituídos por outros de uso mais geral, disponíveis sob Creative Commons Zero. Além disso, Rarefeitos tem agora a função de temporizador com música de fundo, tornando-o uma companhia perfeita para meus sprints na Twitch!

Diferente das versões anteriores, Rarefeito agora é oferecido como um aplicativo web, acessível em Apps Cordéis!

Cordelistas em Santana

Nos últimos dias 5 e 6 (conhecidos também como ontem e anteontem, não respectivamente), estive em Santana do Ipanema para o 1º Encontro de Poetas e Cordelistas, realizado na cidade pela Academia Alagoana de Literatura de Cordel.

Foi uma ótima oportunidade de ver ou rever colegas e confrades cordelistas, trocar ideias e produção. Principalmente porque a participação da turma foi bastante expressiva. No sábado todas as barraquinhas liberadas para os poetas foram ocupadas!

Infelizmente houve pouco público no evento, no que poderia ter sido um pouco melhor. Há sempre muita dificuldade em organizar esse tipo de evento literário. Como se não bastasse, ainda não saímos da Pandemia. As coisas estão melhores agora – não resolvidas – e o amanhã não se sabe, só se espera e torce.

Estavam presentes o lendário Jorge Calheiros, com sua alegria e seu cordel bem-humorado; Cícero Manoel, cada vez mais desenrolado e competente; Marcos Brandão, sempre divulgando as Proezas Nordestinas (seu canal no Youtube). A propósito, em nenhum dos meus dois momentos de fala eu me lembrei de divulgar o Cordel Arcano (canal Youtube e podcast), o eCordel (canal Twitch e Telegram), o Cordel Encastelado (projeto) e este blog aqui. Ainda não virou hábito para mim fazer esse tipo de marketing, tenho que avançar nisso!

Efigênia Dias, com sua crescente cordelaria Flor do Sertão; Jailson Marques, de São Sebastião, com quem fui e voltei encurtando a viagem com longas conversas; Josias de Souza, com seu trabalho de cordel evangélico; Charles Cesar, Cristóvão Augusto, Luciene Albuquerque…

O presidente da AALC Diógenes Pereira mostrou seu talento no repente também. Silvano Gabriel apareceu no sábado com sua veia de showman.

Tenho certeza que esqueci o nome de algumas pessoas. Em minha defesa, ainda tem colegas que ainda não conheço bem ou tenho proximidade e, como eu disse no início, a adesão foi bacana, com vários colegas poetas e poetisas. Espero que tenhamos mais oportunidades como essa de integração do segmento e divulgação da nossa literatura! Parabéns para a organização e até os próximos eventos.

Apps Cordéis renovado

Reformulei a página inicial do Apps Cordéis, local onde coloco alguns aplicativos web que desenvolvi através do tempo. Está bem mais interessante agora. Você pode acessá-lo via seu endereço apps.cordeis.com ou através do menu de ícones nos círculos no canto superior direito da página.

Entre os aplicativos estão:

  • Jasmim – Não me lembrava deste. Foi uma tentativa de oferecer minha novela de aventura Jasmim como um app para Firefox OS. Não está muito bom de ler no computador, mas no celular até que está legal.
  • Lancelot – Rolador de dados variados, com opção de salvar conjuntos de rolagem, histórico de rolagem, gerador de nomes aleatórios e outras funcionalidades interessantes.
  • RarEfeitos – Mesa de efeitos sonoros variados.

Nameless R1 na Revista de RPGCON

Eu simplesmente perdi o momento em que foi lançada a revista, só hoje encontrei (e já adquiri meu exemplar virtual).

Trata-se de uma revista lançada em sua primeira edição este ano, relacionada ao evento RPGCON, evento que aconteceu virtualmente e que foi muito bom, com muitas mesas e palestrar bacanas. A revista vem como “anais” de evento, trazendo bastante material e um relatório geral do evento.

O microcenário para XR-III Nameless R1 foi publicado dentro da revista. É uma nova versão (para XR-III) do cenário de investigação, alienígenas e sobrenatural. Agora ele vem como um dos 3 cenários oficiais do XR-III e já tenho pelo menos uma ideia para o R2, que ainda não consegui desenvolver.

A revista está com desconto no Dungeonist e tem muito mais conteúdo do que Nameless, valendo muito a pena dar uma olhada.

Início da Campanha XMC

Biotunados foi um cenário que nasceu para ser o multiverso oficial do XR-III. XR-III é um sistema de RPG indie que venho desenvolvendo e para o qual já tem alguns microcenários prontos, como o infantil Animalia, o medieval Sete Ilhas e o cyberagreste Neocan. Um multiverso é um mundo que permite mesclar todos os mundos já criados e mais outros que possam surgir.

Apresentado em sua primeira versão no Almanaque Power-Up, Biotunados gira em torno de carros construídos com motor alienígena, capazes de saltar entre planos de existência. O carro tem consciência e alguns poderes bacanas, podendo em alguns casos ser usado como personagem de jogador! Dá pra emular o Delorean de De Volta para o Futuro, o Herbie de Se Meu Fusca Falasse ou um carro de Supermáquina. É, Transformer ainda não dá, mas é uma ideia para o futuro.

Comecei uma campanha em chat com 4 jogadores para testar várias coisas:

  • A mecânica do XR-III Modo História, que criei para ajudar a escrever novelas de aventura, mas que, por não usar aleatoriedade, tem potencial para RPG por chat ou mail.
  • O cenário biotunados, na prática.

Há dois personagens prontos até o momento: um de Sete Ilhas e um de Nameless. Dois outros estão sendo construídos, os dois em Neocan. Pretendo publicar relatos das aventuras aqui periodicamente.

Nesta primeira semana, Valentin e Fausto começaram a agir, cada um em seu próprio mundo. Para este post, vamos focar Valentin

Uma Manhã de Trabalho Normal

Em um depósito dos Correios, no fundo de uma parte restrita há um corredor que leva a uma pequena sala três computadores e dois birôs. Na porta está etiquetado um logo com a sigla “XMN”. Os poucos que viram sabem se tratar de uma empresa terceirizada, que fez um convênio com os Correios e usa o espaço como parte do acordo.

Mas isso é mentira.

Na verdade é um escritório do DAC, na filial em Palmas. É ali que Valentin chega para mais um dia de trabalho.

Ele é um pouco distante e mal humorado quanto a relacionamentos, mas interessadíssimo em mistérios e conspirações. O que torna seu relacionamento com as pessoas algo aceitável, pois cada uma delas pode trazer dentro de si um tesouro. Pistas para sua mais nova descoberta. Seja ela qual for.

Sempre com aspecto de quem não dormiu o suficiente ele trás consigo uma xícara de café, enquanto busca em jornais, blogs e vlogs informações e pistas que lhe chamem atenção. Algo na mente de Valentim parece com um peixe fisgado em um anzol. Algo nesse agricultor atrai sua atenção.

Valentin viu uma entrevista de um agricultor humilde de Monte do Carmo, adoentado e debilitado, que brigou com a esposa porque estava apaixonado pela mulher de um fazendeiro que mora na mesma cidade. Uma mulher formada em Direito. Valentin se lembra que os Kravzeks infectam terráqueos, que começam a demonstrar interesse sexual por pessoas que eles percebam como maais inteligentes.

Sobre a matéria, falava que Emerson (o tal sujeito), foi com febre importunar a dona Denise e aconteceu uma confusão por lá, que terminou com um amigo de Emerson, que passava de bicicleta, levando o sujeito de volta pra casa dele. Monte do Carmo fica a cerca de 2 horas de Palmas.

Alfredo, motorista de confiança do DAC designado para acompanhar Valentin quando preciso, chegou no escritório quando o agente estava terminando de analisar a matéria.

Hippies, Tecnocratas e Sumidos

No mundo de Mochileiros Blackrook há de início dois grupos rivais: os Blackrook, que tem um jeito mais hippie, e os Whitejay, tecnocratas.

Primeiro, que neste cenário existe o conceito de “superciência”, aquele estudo tão avançado que permite realizações praticamente mágicas.

Lucas Viveira e eu fizemos o primeiro rascunho de um aditivo para o sistema de RPG XR-III, trazendo mecânica para superciência. O aditivo se chama Mistike Amplificata e será base tanto das mecânicas do cenário que ele está desenvolvendo para seu universo ficcional de contos e romances, como para essa história minha dos mochileiros. Então o primeiro rascunho já está criado.

No Livro ao Vivo, programa onde estou organizando e planejando uma novela de aventura, que será escrita também dentro desse stream, eu planejei o uso do Mistike Amplificata para os blackrook. Assim nasceu também um terceiro grupo, que na história entrará como um mito, podendo ou não ser usado de fato: os yellowraven.

Aproveitando o que já foi feito lá stream, seguem os domínios para XR-III para os 3 grupos. Cada grupo tem um domínio iniciático, que precisa ser totalmente dominado (os 7 níveis) para o personagem ter acesso a um dos 4 caminhos (cada grupo tem 4 caminhos, expressos como domínios especiais). Quem escolhe um dos 4 não pode mais mudar ou acumular conhecimento com qualquer outro domínio de qualquer um dos 3 grupos.

Domínios Iniciáticos

Como os domínios iniciáticos são bastante parecidos, eu os apresentarei aqui em uma tabela:

ConceitoBlackrooksWhiitejaysYellowravens
Todos começam com esteIniciaçãoIniciaçãoIniciação
Conhecimento sobre outro grupoWhitejaysBlackrooksBlackrooks
Conhecimento sobre outro grupoYellowravensYellowravensWhitejays
Primeiro caminhoArtesãosPontocomDançarinos
Segundo caminhoArtistas de RuaSmartsFilósofos
Terceiro caminhoBabásSpaceshipsMestres
Quarto caminhoErmitõesStartupsMonges

Caminhos Blackrook

Os níveis descritivos podem ser aprendidos na sequência (até o máximo de 7 níveis, como nos outros domínios) que o pesquisador quiser ou tiver acesso. O aprendizado é tradicionalmente feito na forma de mestre-aprendiz.

ArtesãosArtistas de RuaBabásErmitões
Alterar ProbabilidadeArtesanato MísticoMorteGenética
Encolhimento da MatériaComunicação ArtísticaRegeneraçãoReino Animal
ReplicaçãoMúsica EncantadoraVeneno ou CuraReino Vegetal
Códigos SecretosIdentificar CulturaAlterar ProbabilidadeLongevidade
IdiomasMapa GeográficoEncolhimento da MatériaReanimação e Animação
Manipulação de CódigosTransmutar CulturaTeleporteRegeneração
Criação de ProtótiposIdentificação de Leis LocaisDesenho VivoIdentificação da Matéria
Entendimento de AparelhosIdiomaDisfarces e ImitaçõesPoções
Modificação de ProjetoTelepatiaEscultura AnimadaVenenos
  • Artesãos – constroem a maioria dos artefatos fantásticos dos Blackrook. Não conseguem produzir nada em série, porém.
  • Artistas de Rua – perfil de hippies artistas, costumam viajar de tempos em tempos, mas preferem passar seu tempo em locais urbanos.
  • Babás – costumam ser designados para acompanhar grupos menos treinados, são versáteis e bons protetores.
  • Ermitões – esses realmente costumam se isolar do mundo em reservas florestais ou outros locais inacessíveis. Prezam pela harmonia com a Natureza.

Caminhos Whitejay

Os níveis descritivos podem ser aprendidos na sequência (até o máximo de 7 níveis, como nos outros domínios) que o pesquisador quiser ou tiver acesso. O aprendizado é tradicionalmente feito na forma de mestre-aprendiz.

PontocomSmartSpaceshipStartup
AutoprogramaçãoCompreensão PlenaDigitalizaçãoAlteração de Indústria
CriptografiasProjetos ExtremosEngenharia ReversaCriação de Protótipo
Rede NaturalProjetos sem ChãoRede NaturalModificação de Projeto
IdiomasBateria VivaCriação de ProtótipoAtrito
Manipulação de CódigosEletricidadeEntendimento de AparelhosInércia
TelepatiaPropulsoresModificação de ProjetoMagnetismo
Ler PensamentoAlteração de IndústriaEstudo PlanetárioEstudo Planetário
Organizar MenteEntendimento de AparelhosPosicionamento EspacialTeleporte
Transmitir MensagemModificação de ProjetoSobrevivência no VácuoTerraformar
  • Pontocom – especialistas em tecnologia computacional e virtualização.
  • Smart – construtores de aparelhos inteligentes, são os produtores dos Whitejay.
  • Spaceship – especialistas em vida fora da Terra e tecnologia associada a isso.
  • Startup – gerenciadores de inovações, costumam ser bons parceiros dos spaceships.

Caminhos Yellowraven

Os níveis descritivos podem ser aprendidos na sequência (até o máximo de 7 níveis, como nos outros domínios) que o pesquisador quiser ou tiver acesso. O aprendizado é tradicionalmente feito na forma de mestre-aprendiz.

DançarinosFilósofosMestresMonges
Alterar EspíritosArtesanato MísticoAlteração de IndústriaEngenharia Espiritual
EgrégorasComunicação ArtísticaCriação de ProtótiposIntercâmbio Astral
LocalizaçãoMúsica EncantadoraModificação de ProjetosViagem Astral
GravidadeIdentificar CulturaLer PensamentosCriação de Protótipos
InérciaMapa GeográficoOcultaçãoEntendimento de Aparelhos
TelecineseTransmutar CulturaTransmitir MensagemModificação de Projetos
Comunicação ArtísticaIdentificação de Leis LocaisCompreensão PlenaMorte
Disfarces e ImitaçõesIdiomaConstrução ImprovisadaReanimação e Animação
Escultura AnimadaTelepatiaProjetos ExtremosVeneno ou Cura
  • Dançarinos – lembrados por belas apresentações místicas artísticas, onde elementos de outro mundo se juntavam à dança.
  • Filósofos – eram condutores e harmonizadores dos povos.
  • Mestres – os mais perto das indústrias dentre seu grupo. Há pouquíssimos relatos sobre eles.
  • Monges – bons em comunicação e habilidosos no plano dos mortos. Dizem que se refugiaram por lá.

Continuação

Futuramente eu colocarei mais detalhes sobre os níveis descritivos apresentados. Cada caminho terá também suas próprias manobras. É possível que o domínio iniciático já permita usar manobras dos caminhos, mas com um custo maior. Terei que ver melhor isso no futuro.

E aí está! No próximo Livro ao Vivo provavelmente já partirei para a organização da história em si. Até lá!

O Tio dos Diálogos

Post publicado inicialmente no blog antigo, no início de 2019.


Estava revisando Escarlate III quando me deparei com uma inovação estilística de que nem me lembrava mais. Tem a ver com diálogos.

Existerm várias formas de expressar diálogos em um texto, isso é fato. Qual a melhor? Depende. Para texto teatral, por exemplo, é bom o formato com o nome do personagem antes da fala:

A sala está montada com uma iluminação parcial

Clarice: E aí? O que você tinha para me dizer?

Celso: Para quê a pressa? Podíamos aproveitar melhor o vinho antes de entrar nesse assunto.

Para quem não lembra ou não viu, foi a estratégia que adotei para Warning Zone.

Existe a forma das aspas, onde as falas ficam entre aspas. E existe a dos travessões:

A sala está montada com uma iluminação parcial

– E aí? O que você tinha para me dizer? – Clarice encara o recém-chegado Celso

– Para quê a pressa? Podíamos aproveitar melhor o vinho antes de entrar nesse assunto.

Como se vê, uma desvantagem deste método (assim como o das aspas) é que, por não ter na notação um espaço já certo para dizermos quem falou, precisamos complementar o texto com essa informação.

Não gosto de usar aspas porque prefiro utilizá-las para narrrar pensamentos.

Além desta desvantagem, existem outras. A principal que vejo é a continuidade da fala, com ou sem interrupção. Vamos voltar um pouco. Se você utiliza travessão ou aspas, precisa identificar quem falou.E aí? – Clarice pergunta.

— E aí o quê? — Celso responde, olhando de lado.

— O que você queria? — Clarice insiste.

— Ah, sim, sabe o Flavio? — Celso pergunta a encarando.

— Não, que Flavio? — pergunta Clarice, tentando puxar pela memória.

— Aquele da praça! — Celso tenta explicar melhor.

Como você pode facilmente notar, fica muito cansativo um texto assim. Por isso, é comum utilizar o mínimo possível de referência a quem falou. A gente tenta deixar claro quem falou primeiro e em segundo então subentende-se que as falas se alternam. Só se torna necessário descrever algum comportamento diferente complementar de algum dos interlocutores. Vê se não melhora:

— E aí? — Clarice pergunta.

— E aí o quê? — Celso responde, olhando de lado.

— O que você queria?

— Ah, sim, sabe o Flavio?

— Não, que Flavio?

— Aquele da praça!

Eu acho muito melhor. Mas isso leva ao problema de que eu falava. O que chamo de fala continuada acontece quando você narra uma fala e logo em seguida narra outra fala do mesmo personagem. Exemplos:

Flavio: Você não vai beber?

Clarice simplesmente não responde.

Flavio: Então eu vou tomar o restante do vinho.

Clarice não comenta nada.

Flavio: Tá, era Otávio e não Flávio. Você está certa!

Clarice: Está vendo? Eu não conheço nenhum Flávio da praça. Agora o Otávio já é diferente. Eu me lembro daquele dia que a gente saiu pra tomar sorvete e passamos na banca de revistas. Ele estava encostado naquela estátua de… Como é que chama mesmo? Daquele político antigo da cidade! Enfim, o Otávio é primo do Juarez, se você se lembra. É, acho que não. Mas ele estudou com a gente no segundo ano. Otávio tinha uma mania de ficar ouvindo conversas dos outros pra depois escrever histórias mudando só os nomes dos personagens, o que eu sempre achei muito inadequado. Expõe intimidades da gente! Mas ele chegou a publicar histórias assim. Quer dizer, não foi em livro, foi em um blog. E… Você não vai falar nada?

Então temos dois tipos de fala continuada. A primeira é a pausa na expectativa de uma fala do interlocutor, que não vem. A segunda é a de uma fala muito grande, que seria de muito mais confortável leitura se apresentada em mais de um parágrafo.

Na notação dos travessões, eu tenho resolvido o problema assim:

— Você não vai beber?

— …

— Então eu vou tomar o restante do vinho!

Acho que funciona bem para esses casos. Já para as falas naturalmente longas, uma solução pode ser o uso de aspas para a continuação da fala.

— Está vendo? Eu não conheço nenhum Flávio da praça. Agora o Otávio já é diferente.

“Eu me lembro daquele dia que a gente saiu pra tomar sorvete e passamos na banca de revistas. Ele estava encostado naquela estátua de… Como é que chama mesmo? Daquele político antigo da cidade!”

Isso por um lado resolve, mas por outro confunde se você já está utilizando aspas para pensamentos. Se você já vem utilizando aspas para os diálogos, dependendo de como você atribui fala aos personagens pode gerar confusão também. Aí que entra o tio! O tio seria um travessão alternativo (que só funciona para quem, como eu, utiliza o caractere de hífen e não o longo) que representa continuação da fala anterior! A fala vazia (reticências) continua sendo interessante para representar que havia uma expectativa de fala. Veja como fica o exemplo:

— Você não vai beber?

— …

— Então eu vou tomar o restante do vinho.

— …

— Tá, era Otávio e não Flávio. Você está certa!

— Está vendo? Eu não conheço nenhum Flávio da praça. Agora o Otávio já é diferente. Eu me lembro daquele dia que a gente saiu pra tomar sorvete e passamos na banca de revistas. Ele estava encostado naquela estátua de… Como é que chama mesmo? Daquele político antigo da cidade!

~ Enfim, o Otávio é primo do Juarez, se você se lembra. É, acho que não. Mas ele estudou com a gente no segundo ano.

~ Otávio tinha uma mania de ficar ouvindo conversas dos outros pra depois escrever histórias mudando só os nomes dos personagens, o que eu sempre achei muito inadequado. Expõe intimidades da gente! Mas ele chegou a publicar histórias assim. Quer dizer, não foi em livro, foi em um blog. E… Você não vai falar nada?

Pois é, esta solução eu bolei quando escrevia Escarlate III, há alguns anos. Hoje revendo, achei uma solução interessante e gostaria de registrar aqui. Vai que mais alguém também tem essas mesmas dificuldades e essa solução pode ser útil.

— Cárlisson Galdino