Lançamentos de Maio

Este mês foram publicados 2 cordéis e 1 conto, sendo o conto gratuito.

Quem apoia o projeto tem acesso ao Dia em que o Diabo foi o Salvador. Mês que vem tem cordel interativo! (misturando Literatura de Cordel e aventura solo) Não perca!

RPGCon 2021 e XR-III

Ontem foi o dia inicial da RPGCon deste ano. Um evento online de RPG, com várias palestras, mesas e material, de modo geral.

As palestras estão sendo muito boas e recomendo mesmo que dê uma olhada no site do evento e no canal do Youtube, onde as palestras continuarão disponíveis para serem vistas depois.

Quanto a mim, fiz duas participações por lá: uma na parte dos RPGs indie apresentando o XR-III e outra na dos podcasts, com a declamação do cordel A Lenda de Frushige, que também foi publicada ontem no próprio podcast. Mais pra frente colocarei no canal Cordel Arcano uma versão com “animação”.

Estou devendo ainda episódios de maio, apresentando os lançamentos do mês (sim, teve, e são bem legais) e outras coisas. Pretendo publicar até o final do mês, talvez sem outro cordel declamado, mais curto, mas espero que consiga.

Uma novidade é que estou preparando um “Almanaque” para o XR-III, com vários personagens prontos, incorporando regras para jogar solo e outras coisinhas, num ebook só. Deverá ser publicado gratuitamente, até para divulgar o sistema e os cenários. Aguardem!

Por hoje, fiquem com a apresentação do XR-III, explicando os conceitos e apresentando todo o conteúdo que já foi publicado até o momento:

XR-III e os Atributos Aleatórios

Uma das coisas bacanas de ser programador e gostar de RPG é poder criar um gerador de personagem aleatório com certa facilidade. Desenvolvi um por aqui para XR-III, que tenho utilizado, mas uma coisa me incomodava um pouco e tem a ver com a definição dos atributos. Vamos falar disso um pouco hoje.

Tá, mas o que pretendo abordar tem a ver com conceito e método, então quem gosta de gerar coisas aleatoriamente com papel, caneta e dado com certeza poderá tirar algum proveito também.

Atributos do XR-III

Um personagem XR-III tem natureza, arquétipo e outras características para se sortear. O foco aqui são os valores numéricos para os 3 atributos: Físico, Mente e Espírito. As regras são:

  1. Nenhum atributo pode ter valor menor que 1
  2. Nenhum pode ter valor maior que 5 (personagens iniciais)
  3. A soma dos 3 atributos tem que dar 7

Algoritmo Caótico

A primeira solução para gerar esses atributos foi a mais óbvia: vou sortear valores entre 1 e 5! Isso pode ser feito computacionalmente de jeito bem fácil. Com dados, a solução que adotei foi: rolo 1d6 e subtraio 1.

Ah, o valor não pode ser 0. Qual a solução para isso? Simples. Basta responder à pergunta: qual o nível de atributo mais comum, a média? Quando cair 0, considere-se que foi o valor mais comum! No nosso caso, 2.

Esse método funciona relativamente bem, mas quebra aquela terceira regrinha. Pode aparecer personagem com 3 ou 4 pontos de atributo e outros com 14 ou 15. É um bom começo, mas precisaria de ajustes para dar certo. Quais ajustes? Vejamos…

Rerrolagens, Ajustes e Descartes

Vejo três soluções para o problema da terceira regra:

  • Ajuste: esta solução é prática para aplicarmos mecanicamente, sem computador. A ideia é: veja o quanto ficou diferente e ajuste os valores. Por exemplo: saiu 3, 3 e 4. Isso dá 10, 3 a mais do que devia. Então, podemos baixar os 3 atributos em um para termos 2, 2 e 3. Resolvido. Se a diferença não é um valor múltiplo de 3 (1, 3 e 4, por exemplo), você decide que valores vai mudar.
  • Rerrolagem: uma solução mais fácil computacionalmente, mas não tão difícil com papel, caneta e dado. Não deu múltiplo de 7, some os 2 primeiros valores. Se der menos que 6, troque o 3º valor por 1; se der menos, role de novo até sair um valor que somado com os outros 2 dê 7. Agora se os dois primeiros já passaram de 6, então você deve rolar de novo o 2º valor.
    • Uma versão alternativa desse método é analisar se a soma foi maior ou menor do que o desejado (7). Se for maior, substitua o maior número que havia sido sorteado por uma nova rolagem. Se for menor, rerrole o menor número.
  • O método do descarte não é recomendável com papel e caneta. É o mais fácil e preguiçoso de todos, que pode desperdiçar muito processamento também. É simples: antes de mostrar o resultado, verifique se a soma deu 7, se não deu jogue tudo fora e comece de novo.

Só Dentro do que Falta

Este método achei mais interessante por tender a gerar personagens mais equilibrados. Comecei a usá-lo com um sorteador (que permite definir qualquer intervalo, simulando dados que “não existem”, como um d11) e só depois implementei um algoritmo que faz isso.

Imagine os 3 atributos de 1 a 5 como se fossem 15 quadrados, com linhas separando em blocos de 5. Agora pinte 1 quadradinho de cada bloco, representando que cada atributo já tem valor 1 de partida.

Para sortear o próximo número, você conta os quadradinhos em branco e sorteia só nesse intervalo.

Repete esse procedimento até ter 7 quadradinhos pintados. Pronto, atributos gerados. Confuso? Veja um exemplo prático:

  1. Começamos com Físico 1, Mente 1, Espírito 1, representados como xoooo xoooo xoooo. O intervalo é de 12 “não-marcados”. Então dá pra rolar 1d12
  2. Digamos que o resultado foi 1. Atualizamos para xx000 x0000 x0000, ou seja, F 2, M 1, E 1. Agora há só 11 casas livres. Role 1d11. Se estiver usando dados, role 1d12 mesmo e role de novo se cair um 12.
  3. Agora saiu um 7. A 7ª casinha em branco é a última do segundo bloco. Podemos marcá-la ou qualquer outra do mesmo bloco. Ficaria então assim: xx000 x000x x0000. Como são equivalentes, prefiro marcar a 4ª casinha pra ficar mais organizado. xx000 xx000 x0000, ou seja, F 2, M 2, E 1. E temos agora 10 casas em branco.
  4. Rolando 1d10 sai um 3. Isso joga novamente no primeiro bloco (seria a última casinha do bloco). Vamos marcar xxx00 xx000 x0000, ou seja, F 3, M 2, E 1. São 9 possibilidades restantes.
  5. Na última rolagem (1d9), sai um 8, ativando o 3º bloco. Resultado final: xxx00 xx000 xx000, ou seja, F 3, M 2, E 2.

O que gostei deste método é que a cada rolagem a chance dos atributos mais baixos é maior que a dos atributos mais altos. Isso me soa mais realista, já que assim a tendência é que os valores sejam mais medianos e personagens com algum atributo em nível 5 sejam mais raros.

Sorteando por Modelo

Uma outra possibilidade é você fazer uma tabela de sorteio com distribuições pré-definidas, e isso dá pra ser feito para sortear atributos em qualquer sistema de RPG. Em XR-III, a tabela com todas as possibilidades teria 15 valores. Você poderia limitá-los a um dado que você queira. Uma tabela para 6 valores poderia ficar assim:

RolagemFísicoMenteEspírito
1115
2412
3313
4214
5223
6241

Pois é, foram apenas divagações, mas que talvez alguém mais possa achar interessantes.

— Cárlisson Galdino

Sobre Novas e Velhas Besteiras

Um dia disseram que mulheres seriam fracas demais para exercer a Medicina. Que esta profissão era “obviamente” apenas apropriada para homens. Foi-se um tempo em que mulheres não passavam de meras posses de alguém (entenda-se: de algum homem).

Um dia disseram que índios não tinham espírito. Negros também não. Escravizar não seria um crime, muito pelo contrário, pois entre os serviços que os escravos prestariam, eles teriam contato com a “civilização”, sendo pouco a pouco instruídos e catequizados.

Eles levavam mulheres e as puniam por “despertar desejo nos homens”. Puniam e puniam até não ver mais mulheres e sim farrapos de gente, sem dentes e deformadas. Tratavam de queimar o bagaço humano em praça pública. E diziam que eram bruxas, que bruxas eram feias e que bruxas eram más. As torturas na Terra, diziam, diminuiriam as torturas que esperam pelos infiéis no pós-vida. Era uma época de deslumbramento da Cruz com o Poder.

O Poder sempre foi envolto em mentiras. Reis e imperadores já foram divindades na Terra ou por elas indicados. Sangue azul não era apenas uma metáfora. Quanta mentira já foi dita… Hoje ainda se diz que o futuro de uma nação está nas mãos de uma única pessoa, responsável por tudo o que acontece do lado de cá das fronteiras.

As fronteiras… Fronteiras de uma terra pretensamente descoberta, assim ao acaso, como quem não quer nada. Como se ventos desviassem navios por distâncias transcontinentais (nem que fossem marinheiros bêbados!). Como se Pindorama não tivesse pessoas e não fosse já a nação de centenas de povos.

Já disseram que houve um grito heroico no Ipiranga, capaz de nos libertar e nos dar soberania, apartando-nos de Portugal. Claro, o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas à pátria dominante deve ter sido um mero detalhe neste quadro.

E ainda há quem pense que é de hoje que lideranças políticas brasileiras resolvem as coisas com dinheiro, nas entrelinhas, longe dos holofotes.

Ainda há quem queira justificar as torturas do período de governo militar e ainda peçam seu retorno pelas ruas, que vexame! Torturas e assassinatos que, como estão escondidos aos montes debaixo do tapete, dizem não terem havido. Tortura por interrogatório ou sadismo? Pouco importa, deveriam ser crime contra a humanidade.

Diziam que o golpe era um contragolpe os que defendem o indefensável. Diziam que comunistas comiam criancinhas e que naquele período não havia corrupção.

Quanta coisa já foi dita e quanto mito já caiu… Quantas crenças deixaram de ser religiões para se tornar mitologias? Será que a fé do antigo heleno em Athena era menor que a fé do contemporâneo beato cristão? Quem pode saber?

Já disseram que o Inglês é a língua mais falada no mundo por ser uma língua fácil. Não citam o fato de o posto já ter sido ocupado, bons tempos atrás, pelo Latim!

Já disseram que a culpa pelos crimes é dos mais jovens, ou dos mais pobres, ou dos mais negros. Muitos já disseram que é dos três, principalmente quando combinados. E que quando a polícia mata é porque coisa boa o pobre não estava fazendo. Salvem as sábias balas juristas do Brasil!

Já disseram que tudo o que é público não é de ninguém. É o caminho para a apropriação, depredação e desrespeito de quem, logo depois, aparece a reclamar da corrupção, irresponsabilidade e respeito de seus próprios representantes.

Disseram que não há políticos honestos e que o Estado é a culpa de todos os males. Que o Comércio é, por outro lado, a perfeita criação da natureza humana. Que uma vez solto, será capaz de se regular sozinho em prol de toda a Humanidade. Claro que sim, Pink! O Estado é corrupto e o Comércio é puro! E comércio é sempre socialmente bem intencionado, respeitando funcionários e clientes por iniciativa própria. Claro, claro…

Já disseram que os jornais são imparciais. E que todas pessoas nascem iguais. Como é possível, no decorrer da História, ter havido quem acredite em tanta besteira? Ops! Parece que ainda há…

— Cárlisson Galdino

João Ribeiro Lima

Na Academia Arapiraquense de Letras e Artes, ocupo a cadeira de número 37, que tem como patrono João Ribeiro Lima. Resgatei a minibiografia do meu patrono, que aqui publico. Fonte: livro Acala – História e Vida.


João Ribeiro Lima nasceu em Arapiraca, no dia 15 de julho do ano de 1889. Filho de Manoel Jacinto da Silva e de Antônia Maria do Espírito Santo. Irmão de João Jacinto da Silva, Afrígio Jacinto da Silva e Maria Jacinta da Silva.

Casou-se com Elvira Magalhães, com quem teve cinco filhos. Com o falecimento da esposa, teve o segundo matrimônio com Tereza Umbelina da Silva, do qual nasceram mais cinco filhos.

Sendo um homem trabalhador com visão futurista, foi um dos organizadores na criação no município de Arapiraca, ajudando a criar as primeiras leis municipais. Foi escolhido para ser o primeiro tabelião do município, quando criou o primeiro Cartório do primeiro Ofício em 30 de outubro de 1924, na ocasião da Emancipação Política do Município.

Participou do cenário político municipal. Foi eleito prefeito por duas vezes, de 1928 a 1930 e de 1945 a 1947. Por seus ideais sempre voltados para o progresso de Arapiraca, acima de tudo, do bem-comum. Dotado de uma ampla visão, objetivando sempre o crescimento e desenvolvimento do município. Apesar de ter tido uma trajetória política conturbada, foi brilhante no seu desempenho.

Exercendo a função de tabelião, trabalhou no Cartório até sua aposentadoria, quando seu lugar passou a ser ocupado por sua esposa, Tereza, que também dirigiu os trabalhos até a aposentadoria. Desta vez, foi sua filha Cyra Ribeiro que assumiu a função, administrando com competência o cartório, pois desde criança acompanhava o trabalho de seus pais. Até hoje continua liderando os trabalhos do conhecido Cartório do primeiro Ofício, situado no mesmo local Rua Lúcio Roberto no centro da cidade.

Em 28 de janeiro de 1933, o Cartório passou a ser de Registro Imobiliário de Arapiraca.

Entre as obras realizadas em sua gestão, transferiu o cemitério do Centro, onde hoje está construída a Concatedral Nossa Senhora do Bom Conselho, para o atual local, o Cemitério Pio XII.; abriu as ruas Dr. Domingos Correia, Dr. Pedro Correia, Monsenhor Macedo e a Rua Estudante José de Oliveira Leite, na época Expedicionários Brasileiros, cuja mudança de nome foi solicitada após a morte de um estudante do Colégio Bom Conselho nas praias de Maceió por afogamento, por colegas e amigos, como uma homenagem. João Ribeiro aceitou trocar o nome, mesmo contrariado, pois o nome “Expedicionários Brasileiros” para a rua central lhe trazia grande satisfação. Desta maneira, ocorreu a mudança do nome Expedicionários Brasileiros para Estudante José de Oliveira Leite. Expedicionários Brasileiros passou a ser o nome da rua do Cemitério Pio XII.

Aos 70 anos, morre o João Ribeiro Lima, deixando assim seu nome gravado nas páginas da História do Município de Arapiraca.

Round Quantum

Mais um artigo antigo. Este já era antigo quando foi publicado, em 2017, mas ainda pode ser interessante e útil. uma técnica de organização pessoal.


Chamamos de quantum uma unidade de tempo de cerca de 1 hora (com margem de 15 minutos para mais ou para menos). Para utilizar esta forma de organização, você precisará de um cronômetro (pode ser de relógio, um cronômetro de cozinha ou um software), além de duas listas de tarefas que precisará manter (mantenha da forma que for mais eficiente para você).

A primeira delas é a lista Hard, que tem as tarefas que realmente tem deadline e precisam ser concluídas em pouco tempo. As tarefas desta lista devem ser pontuais (cada tarefa por ser executada apenas uma vez. Ao ser executada, será removida da lista) e devem estar dispostas em ordem de prioridade: a mais urgente primeiro.

A segunda lista é a Soft, com tarefas importantes mas não urgentes, que tem flexibilidade no prazo de execução. Estas podem ser tarefas recorrentes (por exemplo “publicar artigo no blog”) ou não, e não precisam estar em ordem de prioridade. Recomendo que esta lista tenha no máximo 12 itens.

Comece o dia com 15 minutos dedicados a leitura de e-mail e notícias (ou entretenimento). Se não der para ver tudo, não se preocupe, ao fim de cada tarefa você terá mais 15 minutos.

A primeira tarefa do seu dia deverá ser uma tarefa da lista Hard. Pegue a primeira tarefa da lista, marque o cronômetro para trinta minutos e a execute. Ao término dos 30 minutos, você poderá estender o tempo para no máximo 30 minutos (e só uma vez). Após o tempo gasto na tarefa, pare. Se a tarefa foi concluída, risque da lista. Se não foi, verifique sua prioridade. Caso tenha adiantado bastante seu desenvolvimento e seja possível fazer isso, troque-a de lugar com outra da lista Hard (provavelmente você trocará de lugar com a segunda ou com a terceira).

Agora você pode empregar 15 minutos em contato com o mundo: ler notícias, ler e-mails, ver algum vídeo… De preferência, algo que seja prazeroso e que não explore as capacidades que já são exploradas pelas tarefas. Por exemplo, se você está trabalhando sempre escrevendo, gaste os 15 minutos em algo que não exija escrita de nada.

Para a próxima tarefa, verifique se há urgência na Hard List. Como você já concluiu (espera-se) alguma tarefa dessa lista, pode ser que haja margem para alguma tarefa da Soft List. Se você dispõe de muitos quantuns por dia para gastar nas tarefas, pode pensar em trabalhar de modo alternado: um quantum hard, um quantum soft, um quantum hard, um quantum soft… Se o próximo quantum será hard, repita o procedimento acima, como se fosse iniciar a primeira tarefa do dia.

Para o Quantum Soft, sorteie uma das tarefas da Soft List. Se você tem 12 tarefas, pode utilizar um dado de 12 lados (o mesmo para 4, 6, 8, 10, 20 ou 100 tarefas, para as quais existem dados). Para 13, você pode utilizar um baralho comum. É interessante que o último número do seu sorteio não seja uma tarefa, mas uma opção tipo “Hard List”, de modo que a Hard List tenha sempre uma chance de ser atendida novamente. Se não quiser usar dados, você pode usar softwares como o rolldice (GNU/Linux) ou um site como o Random.org.

Com a tarefa sorteada, empregue 30 minutos em seu desenvolvimento. Da mesma forma que acontece com a Hard List, após esses 30 minutos você pode prolongar seu tempo (apenas uma vez) para mais 30 minutos. Se a tarefa for concluída e ela não era uma tarefa recorrente, então risque-a da Soft List. Se ela foi deixada pela metade, reavalie seu grau de importância. Pode ser interessante promovê-la à Hard List.

Por fim, mais 15 minutos a serem dedicados a outro tipo de atividade (informação ou diversão).

Reserve 15 minutos ao final do dia ou período para atividades de fechamento: registro do que foi feito em um diário de bordo, revisão das tarefas para o dia/período seguinte, etc.

Tarefas – especialmente da lista Soft – podem agrupar subtarefas. Se o número de subtarefas crescer muito, coloque-o em uma nova lista.

Para organizar as listas, você pode utilizar um arquivo de texto da sua ferramenta de escritório favorita; um caderno; arquivos de texto plano em uma pasta própria; ou um sistema de wiki pessoal. O bom deste último é que torna fácil o uso de listas adicionais, de modo a tornar as tarefas da lista Soft em meta-tarefas ou agrupamentos de tarefas.

Produzindo Podcast com Software Livre

Este é outro artigo interessante do blog antigo, que acho importante salvar.

Conceitos

Se você não conhece ainda o conceito de Software Livre ou de Open Source (sendo os dois diferentes um do outro), recomendo que ouça o Politicast 5152 e 53 e que leia os artigos do Anahuac. Pra resumir, Software Livre é uma linha ideológica dentro da Tecnologia que prega que os programas de computador são ciência e devem ser compartilhados, que a apropriação do conhecimento em torno deles seria antiética. É um resumo bem por alto pra adiantar a discussão, mas recomendo que veja os links que passei.

Podcast espero que você já saiba o que é. É o que chamam de “um programa de rádio na Internet”, mas que é melhor definido, como diz o Leo Lopes, como “Personal on-demand”. Como eu gosto de dizer, é “um blog cujo principal conteúdo não está nas postagens, mas nos anexos, que são em arquivos de audio”.

A produção de um podcast passa por alguns estágios. Desde a concepção do programa, convite aos participantes e construção da pauta até a publicação do arquivo já pronto,, o que deve ocorrer em um blog ou, ao menos, em alguma solução web que ofereça um arquivo feed RSS com os episódios. E entre pauta e publicação temos, claro, gravação e edição. O bom é que dá pra fazer tudo isso sem necessidade de instalar softwares proprietários (como chamamos os programas não-livres, sejam gratuitos ou pagos, o que torna essa história de proprietários X livres ainda mais confusa pra resumir: veja aqueles links…).

Preparação

O planejamento do episódio é a coisa mais simples de se fazer, tecnologicamente falando. Você pode utilizar até mesmo um arquivo de texto plano no seu computador ou smartphone. As pautas do Politicast eu tenho montado como tópicos simples. Você pode preferir algo mais elaborado, como mapas mentais. Em todo caso, há soluções livres que ajudam, com vantagens e desvantagens próprias a cada uma delas.

Owncloud: esta é uma solução de nuvem pessoal (é, tipo “um Dropbox”), mas oferece editor de texto. Como se trata de uma solução e não de um serviço necessariamente, você tem duas opções para usá-lo: pode procurar um serviço existente (pago ou gratuito) ou pode instalar em um servidor seu (caso tenha essa condição tecnológica). Assim, você pode criar as pautas e compartilhar com usuários que estejam cadastrados no mesmo servidor que você, o que é especialmente útil para compartilhar pauta entre participantes fixos.

Etherpad: este é outro software livre também muito bom, mas com outra finalidade: é um gerenciador de documentos compartilhados. Você cria um “pad” (que funciona como um arquivo de texto disponível na rede e editável no navegador) e qualquer pessoa que tenha o link para esse “pad” poderá editá-lo também, inclusive ao mesmo tempo que você. Também oferece um chat entre os editores. Assim como acontece com o Owncloud, você pode tanto procurar um serviço de Etherpad gratuito quanto instalar seu próprio servidor.

FreeMind ou FreePlane: são softwares para construção de mapas conceituais. Eles podem ser bem úteis para a criação de pautas por permitirem agrupar visualmente tópicos, citações, imagens (incluindo memes) em uma tela que dá visão geral. Os dois softwares são para desktop e em Java, ou seja, seu uso envolve gerar uma imagem com a pauta-mapa final para ser compartilhada entre os participantes (a menos que você prefira controlar toda a pauta sozinho, o que podcasters fazem também).

Gravação

Este é o ponto mais sensível da produção de podcast se você pretende se ver livre de soluções proprietárias. Para isso, vamos considerar 3 forrmas de gravar um episódio, ok? Você pode gravar de forma presencial, de forma remota e assíncrona ou de forma remota e síncrona (ao mesmo tempo). Para a forma presencial é simples: você talvez tenha um notebook já com programa de gravação instalado, ou um celular com aplicativo de gravação. Se quiser uma gravação mais sofisticada, precisará de equipamento caro devidamente instalado e configurado. Uma vez feito isso, pronto, já pode gravar. Não há muito o que dizer sobre gravação presencial (ao menos para propósito deste artigo). Em último caso, você pode comprar um gravador digital e utilizá-lo.

Para gravação assíncrona, cada participante pode gravar um segmento de audio e mandar por e-mail, mas isso torna tudo muito chato, trabalhoso e difícil, de modo geral. Uma boa solução é utilizar uma ferramenta de comunicação como o Telegram. O Telegram vai organizar os arquivos de audio na sequência em que foram enviados. Cada um ouve os audios anteriores antes de gravar o seu, o que pode ser feito utilizando o próprio Telegram, sem necessidade de aplicativo adicional. Para esse tipo de gravação, é interessante que os participantes estejam em um grupo específico para essa finalidade, pra facilitar a “colheita” dos audios depois. Ah, sim, o Telegram é controverso porque o servidor não é livre. O aplicativo cliente, porém, é livre e, ao menos por enquanto, Telegram é a melhor opção que nós temos para comunicação dessa forma.

Para gravação síncrona costumam utilizar por aí o Skype com uma “gambiarra gravadora” pra poder funcionar. O mundo do Software Livre nos dá uma opção mais interessante, menos falha e muito mais elegante que esta. Trata-se do Mumble. Mumble é um software para conversação em voz baseada em sala. É um tipo de software bastante utilizado por gamers que jogam em rede. O Mumble em particular oferece excelente qualidade de audio e compressão, além da maravilhosa funcionalidade de gravar a partir do próprio software, inclusive com opção de gravar multifaixa, onde para cada participante da conversa haverá um arquivo de audio próprio separado, e todos estarão sincronizados quando importados no editor. A desvantagem é que se trata de um software cliente/servidor e você precisa de um servidor para poder utilizá-lo. Existem serviços gratuitos disponíveis e você pode contratar um servidor pagando mensalmente caso tenha dificuldade de implementar um servidor exclusivo.

Edição

Software livre para edição de audio é o quesito mais conhecido deste artigo. Mesmo que não saiba que se trata de um software livre, quase todo produtor de podcast já conhece ou pelo menos ouviu falar do Audacity. Editor multifaixa, com vários efeitos disponíveis (fades, normalização e remoção de cliques, por exemplo, são essenciais). Pode ir com Audacity, que ele é utilizado até por alguns podcasters tradicionais.

Finalização

Tudo bem, você já tem o arquivo de audio (provavelmente um mp3 ou ogg vorbis). E agora? Bom, você precisa criar a capa do episódio. Para isso recomendo o Gimp ou Inkscape. Considero o Inkscape mais bacana para esta tarefa já que se trata de um editor de imagens vetoriais, mas o Gimp é mais organizado se você não tiver muita experiência com edição de imagens.

Um truque realmente bacana e amplamente desconhecido é o uso de capítulos no episódio. É um recurso que permite dizer em que momento do audio inicia a conversa sobre cada tema. Bons aplicativos de gerenciamento de podcast suportam capítulos e facilitam nossa vida, principalmente quando precisamos encontrar uma parte de um programa que já ouvimos e queremos mostrar pra alguém. A solução que utilizo para esta finalidade (e que o @aurium me ajudou a dominar) é o ffmpeg. No final desta postagem segue o arquivo que utilizei como base para definir os capítulos do Politicast #69 /News. O comando para aplicá-lo foi:

ffmpeg -i politicast-69-news.mp3 -i politicast-69-news.txt -map_metadata 1 -c:a copy -id3v2_version 3 -write_id3v1 1 politicast-69-news-c.mp3

Com isso eu criei o arquivo com capítulos (que costumo salvar com sufixo ‘-c.mp3’). Utilize o comando e o arquivo em anexo para entender como funciona, para brincar e tentar aplicar capítulos no seu podcast também! 😀

Para aplicar a imagem de capa diretamente no arquivo de audio eu uso o EasyTag.

Publicação

Publicar não é complicado, pelo menos o blog. O problema principal é a publicação dos arquivos de audio, que por serem um tanto grandes podem estourar sua banda fácil, fácil. Uma boa solução para isto é o Archive.org, que permite armazenar os arquivos por lá.

Para o blog você pode escolher a opção que mais te agrade. Dependendo da solução, você pode ter mais ou menos trabalho para adequar o feed ao iTunes, por exemplo. O WordPress tem plugins próprios para podcast e facilita boa parte deste trabalho.

Exemplo de capítulos ffmpeg

;FFMETADATA1
;
title=Politicast #69 /News/
track=34
album=Politicast II
genre=Podcast
artist=Bemfica e Cárlisson Galdino
date=2016
encoder=Lavf56.40.101
[CHAPTER]
TIMEBASE=1/10
START=0
END=158
title=Intro
[CHAPTER]
TIMEBASE=1/10
START=158
END=8862
title=Robos roubando empregos
[CHAPTER]
TIMEBASE=1/10
START=8862
END=12766
title=Morre Teori
[CHAPTER]
TIMEBASE=1/10
START=12766
END=18072
title=Amorais no STF
[CHAPTER]
TIMEBASE=1/10
START=18072
END=24780
title=Teorias e crise penitenciaria
[CHAPTER]
TIMEBASE=1/10
START=24780
END=26703
title=Caos sem PM


Publicações de Abril

Este mês o cordel inédito se chama Altas confusões na TV e narra um filme fictício e absurdo, reunindo diversas trapalhadas que vivenciamos na percepção e em comentários sobre filme. Tudo foi juntado numa história maluca só.

No quesito RPG, foi lançado este mês o primeiro aditivo para XR-III, chamado Lampejo de Magia.

Ele traz um conceito aplicável a qualquer cenário, que acrescenta regras para magia e deuses, incluindo regras para bruxos, feiticeiros, paladinos e clérigos, além de apresentar 6 deuses para uso. Tudo bem compacto e resumido, como o XR Zine tem sido até então.

Lampejo de Magia é um desmembramento de conceitos do cenário Ases, onde acontece a história Jasmim, para quem conhece.

Gratuito, publiquei uma edição/diagramação do clássico Romance do Pavão Misterioso.

Lembrando que você pode receber cordéis recém-lançados gratuitamente apoiando Cordéis do Bardo. E que estou agora com o canal e podcast Cordel Arcano, tentando publicar conteúdo semanalmente/mensalmente (canal/podcast).

O Cordel de Antônio Francisco

Ainda em 2012, publiquei um artigo apresentando esse grande cordelista. Hoje conheço mais colegas de arte, mas ele ainda figura entre os mais geniais, na minha opinião.


Não conheço tantos cordelistas assim, mas dentre os que conheço o que mais admiro é o mossoroense Antônio Francisco.

Tive o prazer de conhecê-lo em um encontro de cordelistas no Ceará há alguns anos (o único encontro de cordelistas que fui) e, em outra ocasião, o visitei lá em sua terra. Além de artista genial, Antônio Francisco é uma excelente pessoa, daquelas que não tem como não admirar.

Olha o que a Wikipedia tem a dizer sobre ele:

É filho de Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo.

Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Poeta popular, cordelista, xilógrafo e compositor, ainda confecciona placas.

Aos 46 anos, muito tardiamente, começou sua carreira literária, já que era dedicado ao esporte, fazia muitas viagens de bicicleta pelo Nordeste e não tinha tempo para outras atividades. Muitos de seus poemas já são alvo de estudo de vários compositores do Rio Grande do Norte e de outros estados brasileiros, interessados na grande musicalidade que possuem.

Em 15 de Maio de 2006, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso poeta cearense Patativa do Assaré. A partir daí, já vem sendo chamado de o “novo Patativa do Assaré”, devido à cadeira que ocupa e à qualidade de seus versos.

Seus cordéis são geniais em todos os aspectos. Sua escrita é fluida e rítmica, em forma perfeita; os temas são muito bem trabalhados; e os seus cordéis têm alma, são aqueles que dão gosto de ler, que conseguem nos emocionar. Como se não bastasse, ele também adora causas sociais. Ecologia e humanidade são os temas mais fortes em sua produção.

Pode-se ver alguns cordéis dele pela Internet. Eu localizei uns que adoro:

Veja aqui A Casa que a Fome Mora e diga se não é genial:

Eu de tanto ouvir falar
Dos danos que a fome faz,
Um dia eu sai atrás
Da casa que ela mora.
Passei mais de uma hora
Rodando numa favela
Por gueto, beco e viela,
Mas voltei desanimado,
Aborrecido e cansado.
Sem ter visto o rosto dela.

Vi a cara da miséria
Zombando da humildade,
Vi a mão da caridade
Num gesto de um mendigo
Que dividiu o abrigo,
A cama e o travesseiro,
Com um velho companheiro
Que estava desempregado,
Vi da fome o resultado,
Mas dela nem o roteiro.

Vi o orgulho ferido
Nos braços da ilusão
Vi pedaços de perdão
Pelos iníquos quebrados,
Vi sonhos despedaçados
Partidos antes da hora,
Vi o amor indo embora,
Vi o tridente da dor,
Mas nem de longe via a cor
Da casa que a fome mora.

Vi num barraco de lona
Um fio de esperança,
Nos olhos de uma criança,
De um pai abandonado,
Primo carnal do pecado,
Irmão dos raios da lua,
Com as costas seminuas
Tatuadas de caliça,
Pedindo um pão de justiça
Do outro lado da rua.

Vi a gula pendurada
No peito da precisão,
Vi a preguiça no chão
Sem ter força de vontade,
Vi o caldo da verdade
Fervendo numa panela
Dizendo: aqui ninguém come!
Ouvi os gritos da fome,
Mas não vi a boca dela.

Passei a noite acordado
Sem saber o que fazer,
Louco, louco pra saber
Onde a fome residia
E por que naquele dia
Ela não foi na favela
E qual o segredo dela,
Quando queria pisava,
Amolecia e Matava
E ninguém matava ela?

No outro dia eu saio
De novo a procura dela,
Mas não naquela favela,
Fui procurar num sobrado
Que tinha do outro lado
Onde morava um sultão.
Quando eu pulei o portão
Eu vi a fome deitada
Em uma rede estirada
No alpendre da mansão.

Eu pensava que a fome
Fosse magricela e feia,
Mas era uma sereia
De corpo espetacular
E quem iria culpar
Aquela linda princesa
De tirar o pão da mesa
Dos subúrbios da cidade
Ou pisar sem piedade
Numa criança indefesa?

Engoli três vezes nada
E perguntei o seu nome
Respondeu-me: sou a fome
Que assola a humanidade,
Ataco vila e cidade,
Deixo o campo moribundo,
Eu não descanso um segundo
Atrofiando e matando,
Me escondendo e zombando
Dos governantes do mundo.

Me alimento das obras
Que são superfaturadas,
Das verbas que são guiadas
Pro bolsos dos marajás
E me escondo por trás
Da fumaça do canhão,
Dos supérfluos da mansão,
Da soma dos desperdícios,
Da queima dos artifícios
Que cega a população

Tenho pavor da justiça
E medo da igualdade,
Me banho na vaidade
Da modelo desnutrida
Da renda mal dividida
Na mão do cheque sem fundo,
Sou pesadelo profundo
Do sonho do bóia fria
E almoço todo dia
Nos cinco estrelas do mundo.

Se vocês continuarem
Me caçando nas favelas,
Nos lamaçais das vielas,
Nunca vão me encontar,
Eu vou continuar
Usando o terno Xadrez,
Metendo a bola da vez,
Atrofiando e matando,
Me escondendo e zombando
Da Burrice de vocês.

Astrologia e Mapas Astrais

Seguindo no resgate de postagens antigas, esta foi publicada inicialmente em junho de 2012. Mudei um pouquinho, mas continua uma boa reflexão para quem não conhece nada do tema (eu conheço um pouco mais do que nada, mas não muito).


Astrologia é uma área do conhecimento humano que tenta entender o indivíduo com base em informações externas, partindo do princípio de que há uma mensagem, uma dica que ajude as pessoas a compreenderem quem elas são e quais seus propósitos na vida.

A ferramenta utilizada para isso na Astrologia é a posição dos planetas no céu. Diferente da crença comum, a base hoje não é a Astronomia. A posição exata dos astros não é o que é utilizado, tampouco vai importar o que a Astronomia considera ou não como um planeta. A posição dos astros, para a Astrologia, não é a causa de quem somos: a posição dos astros é uma linguagem. É um recado dado a nós. Como linguagem, ela usa como base o céu de muito tempo atrás. É muito parecido com o céu de hoje, mas não é o mesmo. Portanto, aquele papo de que os signos mudaram não procede.

Muito antigamente eu torcia o nariz para a Astrologia. Pensava eu: dividir o mundo em 12 grupos e dizer que com 1/12 do mundo vai acontecer uma mesma coisa é forçar a barra. Creio que muitos pensem assim também. O erro em pensar assim é que estamos confundindo Astrologia com Horóscopo. Horóscopo é uma “Astrologia Fast-Food” que se propõe a aconselhar as pessoas em relação ao seu dia, geralmente reduzindo o mundo a 12 grupos. A Astrologia, por outro lado, não é principalmente divinatória. Como disse no início, ela objetiva dar autoconhecimento às pessoas.

Enquanto o Horóscopo do jornal divide o mundo em 12 grupos, a Astrologia trabalha com influência dos mesmos 12 signos, mas em vários planetas do nosso mapa astral natal. Uma pessoa “ser de Sagitário”, por exemplo, faz referência à posição do Sol em seu mapa astral. O Sol é o “planeta” que mais influencia o indivíduo mas, segundo a Astrologia, a posição dos outros planetas também tem grande importância em quem nós somos. Além do signo solar, há o signo lunar e signos para Mercúvio, Vênus, Marte, etc.

Daí você já tira que o mundo não se divide em poucos grupos. Ok, e se eu disser que além dos planetas terem signos eles também se relacionam uns com os outros? É o que na Astrologia é chamado de aspecto. Há aspectos harmoniosos e de conflito que podem surgir. Se muitos planetas estiverem em um lado do mapa astral, isso também influencia. Como se não bastasse, há ainda a divisão do mapa astral com base na ascendência, dividindo o mapa em 12 posições. Assim, além do signo, a posição onde o planeta se encontra no mapa trará um significado adicional.

Daí pra frente, a Astrologia se torna bastante complexa. Envolve compreensão do significado de cada símbolo inicial (planeta, signo, casa, aspecto) e da multiplicação desses significados (Marte em Áries na segunda casa em conjunção com Sol em Capricórnio…); por fim da distribuição disso tudo no mapa. Tudo isso com o propósito de que possamos entender melhor a nós mesmos. Uma forma de autoconhecimento.

Embora haja charlatanismo, como em tudo pode haver, a Astrologia não é achismo. As bases da Astrologia podem ser questionadas à vontade, mas o ponto é que existem bases conceituais para a Astrologia, a serem seguidas por seus praticantes.

Se você quiser aprender mais sobre astrologia ou mesmo criar seu mapa astral gratuitamente (podendo solicitar uma análise paga), recomendo para isso o site astro.com.

P. S.: Imagem usada no post foi pega na Wikipédia.

As Bases de um Poeta Completo

Continuando o processo de migração do conteúdo que eu acredite ser mais interessante do site antigo pra cá, segue este que publiquei em maio de 2012.


Camões falava de Saber, Engenho e Arte em suas poesias. Considero, ao menos em minha interpretação, estas como as três características fundamentais para um poeta completo. Aqui, falo um pouco de cada uma delas na forma como vejo (não há garantia de que seja a forma como Camões pensava, embora ache até possível que de repente tenha sido).

Saber

Um poeta tem que ter o conhecimento do que vai falar. Para poesias filosóficas, conhecer filosofia; para narrar casos acontecidos, traçar bem o que houve. Enfim, tem que ter o tema. Um poeta de muito saber tem jogo de cintura e conhece vários temas. Se for um repentista, tem uma boa desenvoltura temática.

Engenho

Um poeta que não tem noção de ritmo e métrica não é um poeta completo. Essa é a parte que pode “obscurecer” o que o poeta quer dizer, mas é o caminho mais longo o que nos fortalece.

É difícil eu me afeiçoar com poesias modernas, que são poesias para serem declamadas teatralmente e não seguindo um ritmo.

Todas as regras são convenções e podem ser quebradas, mas quem planeja quebrar regras tem que saber o que está fazendo. Regras devem ser seguidas à risca enquanto não as entendemos. Só quando dominamos as regras é que podemos quebrá-las, se quisermos. Nesse ponto, teremos plena ciência de que estamos quebrando onde queremos um efeito diferente do convencional e, para quem também conhecer as regras, isso ficará muito claro.

Um exemplo mais claro dessa postura de conhecimento é a famosa licença poética, que dá liberdade ao poeta para burlar as regras do Português. Erros vindos do desconhecimento nunca foram nem serão licença poética, ela existe para mudanças conscientes nas regras do Português, mudanças que vêm para atender algum interesse do poeta.

Aplique-se o mesmo a métrica, rima, ritmo…

Arte

Esse é o fundamental de um poeta. Isso porque o Saber pode ser adquirido com leitura e o Engenho desenvolvido com o estudo e a prática. Se você tem Saber e Engenho, mas não Arte, produzirá poesias perfeitas estruturalmente, bem organizadas, mas sem vida, incapazes de despertar emoções no leitor.

Por outro lado, é até comum algumas pessoas que têm Arte, mas não Engenho ou Saber. Muitos desses nem tentam fazer poesias, limitando-se a escrever textos muito bem escritos e de agradabilíssima leitura.

Poetas Perfeitos

Um bom caminho para poetas perfeitos é dos violeiros, que desenvolvem a desenvoltura no Saber e aprimoram de maneira sublime o Engenho, quando atentos a ele (pois às vezes forçam métrica esticando sílabas cá e atropelando sílabas acolá). Se o cabra tiver Arte, não há quem segure.

Se quiser aprender mais sobre o Engenho, pesquise os estilos populares. São dos mais ricos e complexos que encontrei.

Para finalizar, uma estrofe de um galope à beira-mar, de Dimas Batista, que demonstra bem a superioridade do violeiro e repentista diante de muitos ditos poetas por aí…

“Eu acho engraçado um poeta de praça
Que passa dois meses fazendo um quarteto
Com um ano de luta, é que finda um soneto
Depois que termina, ainda sem graça
Com tinta e papel, o esboço ele traça
Contando nos dedos pra metrificar
Que noites de sono ele perde a pensar
A fim de mostrar tão minguado produto
Pois desses, eu faço, dois, três, num minuto
Cantando galope na beira do mar.”

As Bases de um Poeta Completo

Continuando o processo de migração do conteúdo que eu acredite ser mais interessante do site antigo pra cá, segue este que publiquei em maio de 2012.


Camões falava de Saber, Engenho e Arte em suas poesias. Considero, ao menos em minha interpretação, estas como as três características fundamentais para um poeta completo. Aqui, falo um pouco de cada uma delas na forma como vejo (não há garantia de que seja a forma como Camões pensava, embora ache até possível que de repente tenha sido).

Saber

Um poeta tem que ter o conhecimento do que vai falar. Para poesias filosóficas, conhecer filosofia; para narrar casos acontecidos, traçar bem o que houve. Enfim, tem que ter o tema. Um poeta de muito saber tem jogo de cintura e conhece vários temas. Se for um repentista, tem uma boa desenvoltura temática.

Engenho

Um poeta que não tem noção de ritmo e métrica não é um poeta completo. Essa é a parte que pode “obscurecer” o que o poeta quer dizer, mas é o caminho mais longo o que nos fortalece.

É difícil eu me afeiçoar com poesias modernas, que são poesias para serem declamadas teatralmente e não seguindo um ritmo.

Todas as regras são convenções e podem ser quebradas, mas quem planeja quebrar regras tem que saber o que está fazendo. Regras devem ser seguidas à risca enquanto não as entendemos. Só quando dominamos as regras é que podemos quebrá-las, se quisermos. Nesse ponto, teremos plena ciência de que estamos quebrando onde queremos um efeito diferente do convencional e, para quem também conhecer as regras, isso ficará muito claro.

Um exemplo mais claro dessa postura de conhecimento é a famosa licença poética, que dá liberdade ao poeta para burlar as regras do Português. Erros vindos do desconhecimento nunca foram nem serão licença poética, ela existe para mudanças conscientes nas regras do Português, mudanças que vêm para atender algum interesse do poeta.

Aplique-se o mesmo a métrica, rima, ritmo…

Arte

Esse é o fundamental de um poeta. Isso porque o Saber pode ser adquirido com leitura e o Engenho desenvolvido com o estudo e a prática. Se você tem Saber e Engenho, mas não Arte, produzirá poesias perfeitas estruturalmente, bem organizadas, mas sem vida, incapazes de despertar emoções no leitor.

Por outro lado, é até comum algumas pessoas que têm Arte, mas não Engenho ou Saber. Muitos desses nem tentam fazer poesias, limitando-se a escrever textos muito bem escritos e de agradabilíssima leitura.

Poetas Perfeitos

Um bom caminho para poetas perfeitos é dos violeiros, que desenvolvem a desenvoltura no Saber e aprimoram de maneira sublime o Engenho, quando atentos a ele (pois às vezes forçam métrica esticando sílabas cá e atropelando sílabas acolá). Se o cabra tiver Arte, não há quem segure.

Se quiser aprender mais sobre o Engenho, pesquise os estilos populares. São dos mais ricos e complexos que encontrei.

Para finalizar, uma estrofe de um galope à beira-mar, de Dimas Batista, que demonstra bem a superioridade do violeiro e repentista diante de muitos ditos poetas por aí…

“Eu acho engraçado um poeta de praça
Que passa dois meses fazendo um quarteto
Com um ano de luta, é que finda um soneto
Depois que termina, ainda sem graça
Com tinta e papel, o esboço ele traça
Contando nos dedos pra metrificar
Que noites de sono ele perde a pensar
A fim de mostrar tão minguado produto
Pois desses, eu faço, dois, três, num minuto
Cantando galope na beira do mar.”

A Cor do Dia

Este é mais um post antigo do meu site anterior, que achei interessante o suficiente para publicar aqui. Confere…

Analisando números hexadecimais e data, percebi uma coisa legal: dá pra representar um dia com 6 números! O ano ocupa 3 dígitos em hexadecimal; o dia ocupa dois e o mês ocupa apenas um. Seis dígitos! O tamanho de uma cor em HTML (e outras representações).

Por exemplo: 18 de janeiro deste ano, o dia em que houve o blackout na Internet contra a SOPA. 2012 em hexadecimal é 7DC; janeiro é 1 mesmo, mas 18 equivale ao número hexadecimal 12. Assim, poderíamos representar essa importante data como #7DC112.

Seguindo nessa brincadeira, fiz uma função em PHP que retorna a cor para um determinado dia e criei um script que mostra a cor do dia atual:

function daycolor($date) {
    $dts = strtotime($date);
    $y = dechex(date("Y", $dts));
    $m = dechex(date("n", $dts));
    $d = dechex(date("d", $dts));
    if (strlen($d) < 2) {
        $d = "0" . $d;
    }
    $dc = "#$y$m$d";
    return $dc;
}

Pena que as cores ficam muito parecidas, evoluindo desse jeito tão lentamente… Pena também que o timestamp conte apenas de 1970 para cá. Bom, então é isso.

As pessoas não querem produtos

Este artigo foi publicado no começo de 2012 no meu site anterior. Estou replicando aqui por ter considerações interessantes.


Ano passado participei do I ESLAPE, Encontro de Software Livre do Agreste Pernambucano. Organizado por Marcelo Santana, o evento foi muito bom, apesar de alguns contratempos.

É comum haver contratempos. Nós planejamos o evento com atenção a todos os detalhes e no dia simplesmente algumas coisas terminam dando errado. É gente da equipe que adoece, são parceiros que não cumprem acordos (por esquecimento ou desleixo). Nós que já organizamos eventos (apesar de menores) sabemos bem como é. O que importa é que no final o evento foi muito bom e pretendo ir para uma eventual edição 2012.

Mas o que quero comentar aqui é sobre parte da palestra do Maddog Hall, diretor executivo da Linux International, o braço direito de Linus Torvalds.

Tive de voltar para casa logo depois da palestra por conta de um compromisso no dia seguinte, durante o dia. Por conta disso terminei não podendo acompanhar a palestra inteira, só um pedaço mesmo.

Uma parte que me lembro claramente e achei muito interessante, entretanto, diz respeito ao mundo atual, ao capitalismo, à indústria e o consumo, não estando preso ao “Linux” ou ao Software Livre. Ele disse que as pessoas não querem produtos, elas querem serviços.

Pode parecer estranho, mas se analisar bem isso é verdade. Há produtos que marcam e há pessoas que são fãs de certos produtos ou de certas tecnologias. Esses querem realmente os produtos. A maioria da população, porém, não é assim.

As pessoas não compram um carro porque querem ter o produto. O que elas querem ter é transporte de qualidade no momento em que for preciso. Isso se estende a muitas outras áreas e serve como base para justificar a importância cada vez maior da Computação nas Nuvens.

Pense bem: qual a vantagem de pensarmos em produtos, especialmente hoje num dia a dia de obsolecência programada e extrema? Claro: o fator econômico. Por isso faz mais sentido comprar um carro do que contratar serviço de uma empresa.

Outra coisa interessante que ele falou foi sobre commodities. Ele disse que a indústria tem usado o termo commodity de maneira inapropriada. Arroz é commodity, mas carro não é. Quando se vai comprar arroz, você não sabe dizer com clareza a diferença entre um produto e outro. Na prática, você termina levando em conta fatores como preço e afinidade com fabricante. Quando vai comprar um automóvel, você tem muitas características para avaliar: conforto, consumo, manutenbilidade, além do preço. Em sua visão, pra resumir, um commodity não é só um tipo de produto muito popular, mas um produto que não sabemos tanto a diferença entre os modelos no mercado. Você pode dizer para alguém “compre arroz para mim” e não se importar com a marca, mas dificilmente vai dizer para alguém “eu preciso de um carro: compre um pra mim”.

É isso. Só umas ideias interessantes que vi na palestra e gostaria de compartilhar aqui com vocês. Apesar de ter levado um bom tempo para isso, finalmente aqui estão.