Um Manifesto Pirata

Eles querem que acreditemos que não temos direitos, simplesmente porque não termos direitos é economicamente mais vantajoso para eles

Eles nos chamam de ladrões antes dos filmes, mas são eles que constroem seus impérios às custas do Domínio Público e esperneiam e compram deputados para evitar que o que eles criaram há décadas, em cima do Domínio Público, se torne também Domínio Público.

Eles investem fortunas em propaganda. Propaganda criada para que nos sintamos mal com o que somos hoje, com o que temos hoje. Feita para que tenhamos a ambição de ter o produto deles para assim nos satisfazermos e nos sentirmos plenos. Eles cobram valores muito altos, praticando lucros astronômicos, sobre seus produtos e chamam de ladrões aqueles de nós que são fracos e, por acreditarem nos comerciais que eles nos impõem e não terem poder econômico bastante, copiam seus produtos no desejo de se tornarem alguém.

Eles corrompem a Lei para que direitos que sempre tivemos deixem de existir, porque lhes dá lucro.

Eles mataram o direito à terra. Mataram o direito à água. Atacam desesperadamente os direitos de aprender e de conhecer. Pregam a censura, a censura ao que não lhes dá lucro. Estão matando o “uso justo” com seu “Copyright marombado”.

Eles querem um mundo de consumidores, mas eles criam a exclusão. Eles separam e depois atacam os mais fracos, mais economicamente fracos. Como um dragão de vários braços e pernas, desesperado para proteger seu precioso tesouro. O tesouro que sempre foi nosso, mas hoje ele chama de seu.

Eles precisam entender que oferendas em ouro a empresas de publicidade não criam verdades.

Precisam entender que mitos caem. Um dia disseram que a Terra era plana. Um dia disseram que a Terra é o centro do Universo. Hoje dizem que ideias são objetos. Mitos caem.

Eles precisam entender que não somos dois ou três. Precisam entender que eles, que são dois ou três, estão lutando contra bilhões. Enquanto existir bom senso e enquanto existirem pessoas que não estão massificadas o suficiente para acreditarem que esse mundo que eles tentam impor é uma evoluçáo ou, ao menos, algo aceitável. Enquanto existirem pessoas de bem e conscientes, não deixaremos as coisas irem por esse caminho.

Porque nós somos capazes de ver claramente os barbantes acima dos governos. E sabemos quem são os bonequeiros e porque eles estão ali.

Mitos caem. O mundo muda. E não são canudos, panfletos e charlatões boiando que vão parar o verdadeiro transatlântico da evolução.

P. S.: Este texto foi publicado inicialmente em julho de 2011.

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